Tecnologia: inteligência artificial consegue traduzir o idioma mais antigo do mundo!

A Inteligência Artificial veio com tudo! São várias as áreas da ciência que já estão usando essa tecnologia, e agora seu mais novo uso atua no campo da tradução, para desvendar uma escrita antiga. Saiba mais aqui!

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Inteligência Artificial (IA) é usada para traduzir o idioma mais antigo do mundo, o acádio.

A Inteligência Artificial (IA) consiste em uma área da ciência e da informática que tem como objetivo a criação de ‘máquinas inteligentes’. Em outras palavras, é a capacidade de dispositivos eletrônicos funcionarem como se fossem o pensamento humano, reproduzindo padrões de comportamento semelhantes ao humano por dispositivos e programas computacionais.

Essa tecnologia vem sendo amplamente utilizada, como já noticiamos aqui na Meteored, por exemplo, para estudar tempestades de areia e tempestades solares, na prevenção de riscos de furacões e na geração de imagens de buraco negro. Agora, ela foi usada para desvendar o idioma mais antigo do mundo: o acádio. O resultado foi publicado em um artigo na revista PNAS Nexus.

O idioma mais antigo do mundo

Trata-se do acádio, uma escrita cuneiforme em tabuletas de argila, de 5 mil anos atrás, semelhante ao sumério. O idioma era usado em diversas regiões da antiga Mesopotâmia, o berço da mais antiga civilização que conhecemos, como Acádia, Assíria, Isim, Larsa, Babilônia e Dilmun.

O acádio, também conhecido como acadiano ou assiro-babilônio, era uma língua semítica falada na antiga Mesopotâmia, particularmente pelos assírios e babilônios. O registro mais antigo encontrado até agora data do século XIV a.C., um pedaço de tábua de argila achada em Jerusalém por arqueólogos israelitas.

Os humanos da época marcavam tábuas de argila com um alfabeto baseado na forma de cunha (por isso o nome cuneiforme) em tempos tão antigos quanto 2.500 a.C. O acádio em si foi falado na região entre 3.000 a.C. e 100 d.C., posteriormente ao idioma sumério.

Até hoje são guardados registros de milhares de tabuletas em vários lugares no mundo, e apenas uma pequena parte desses documentos foi traduzida, devido à falta de especialistas habilitados para isso e à condição fragmentada da maioria dos textos. E foi exatamente isso que motivou pesquisadores de Israel a usarem a IA para simplificar e acelerar essas traduções.

Como a IA foi treinada para traduzir o idioma?

Para começar o treinamento da IA, os pesquisadores colocaram a tecnologia para transcrever o acádio cuneiforme para o alfabeto latino, trazendo a língua para um ambiente mais legível a quem não é chegado na antiga escrita. Essa transliteração teve uma precisão incrível de 97%, simplificando significativamente o processo.

Outra versão do modelo da IA realizou a tradução diretamente do acádio para a língua inglesa, e se mostrou razoável, com mais agilidade do que um humano traduziria, embora ocasionalmente tenha gerado “alucinações” – sequências de frases em inglês gramaticalmente corretas, mas que não tem nenhum sentido em acádio.

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A escrita cuneiforme era usada no idioma acádio, considerado o mais antigo do mundo. Crédito: Divulgação/MET/Domínio Público.

O desempenho da IA nesta parte não é perfeito, mas se destacou ao traduzir textos de até 118 caracteres e documentos como decretos reais e profecias. Já textos poéticos e literários apresentaram chances muito maiores de gerar essas “alucinações”. Ainda assim, os pesquisadores acreditam em uma colaboração efetiva entre humanos e máquinas. O plano é que a IA produza uma tradução inicial que reproduza fielmente o estilo de cada texto, e depois os pesquisadores entram em ação para refinar o resultado gerado pelo software.

“Traduzir todas as tabuletas pode nos expor aos primeiros dias da história, à civilização daquelas pessoas, no que acreditavam, sobre o que falavam, o que documentavam”, disse Gai Gutherz, autor principal do estudo, da Universidade de Tel Aviv.