Nova foto do buraco negro supermassivo M87* usando inteligência artificial

A colaboração EHT publicou hoje, dia 13 de abril, uma imagem nova do buraco negro supermassivo M87*. É a segunda foto que sai desse mesmo buraco mas dessa vez teve a ajuda da inteligência artificial para aumentar a qualidade.

A terceira foto de um buraco negro com nitidez
Foto do buraco negro M87* melhorada com inteligência artificial. Crédito: Colaboração EHT

A colaboração EHT publicou hoje, 13 de abril, a terceira foto de um buraco negro supermassivo. Porém, a foto de hoje já é de um conhecido antigo. Ela é a segunda foto do buraco negro supermassivo M87* da galáxia elíptica M87.

A diferença é que dessa vez utilizaram técnicas de inteligência artificial para melhorar a qualidade da foto e conseguir obter mais informação sobre o ambiente do buraco negro. Isso é importante para conseguir calcular propriedades relativísticas e conseguir calcular melhor características como massa e spin.

Essa é a terceira foto da colaboração que tem como objetivo fotografar buracos negros e investigar melhor sobre eles. Teve a participação da brasileira Lia Medeiros, responsável pela criação do código que gerou a imagem.

Buraco negro supermassivo M87*

Esse buraco negro já tinha sido alvo da primeira imagem divulgada pelo EHT. Ele é um dos dois principais alvos que a colaboração focou, o segundo alvo sendo o buraco negro da Via Láctea. A foto foi obtida através de dados de uma campanha que aconteceu em 2017.

O M87* habita o centro galáxia elíptica M87 que está a cerca de 53.5 milhões de anos-luz de distância de nós. Ele tem cerca de 7 bilhões de massas solares e possui um tamanho maior do que o Sistema Solar.

O tamanho e a distância foram decisivos para tornar o M87* um dos principais alvos da colaboração EHT.

Colaboração EHT e a missão de fotografar buracos negros

A colaboração Event Horizon Telescope (EHT) nasceu com o objetivo de tirar a primeira fotografia de um buraco negro. Essa missão já se torna difícil por serem objetos que não emitem luz e são relativamente pequenos comparados às suas galáxias hospedeiras.

O EHT utiliza um conjunto de 10 radio-telescópios espalhados pelo globo terrestre atualmente. É esperado o uso de 11 telescópios que utilizam técnicas de radioastronomia que os fazem atuar como um único telescópio do tamanho da Terra.

Com a tecnologia do EHT, é possível observar uma região pequena no céu. No caso do M87*, é como tentar fotografar um donut na superfície da Lua.

Primeira foto do M87* e a foto do buraco negro supermassivo da Via Láctea

A primeira foto foi divulgada em 10 de abril de 2019 pela colaboração em uma coletiva de imprensa. Essa foto utilizou dados observados em abril de 2017 durante a primeira campanha do EHT.

Primeira foto do M87*
A primeira foto de um buraco negro foi também a primeira foto de um buraco negro a ser divulgada na história. Crédito: Colaboração EHT

Em 2022, o EHT fez outra coletiva de imprensa anunciando a segunda foto de um buraco negro. Dessa vez o alvo era o buraco negro supermassivo Sgr A* que habita o centro da Via Láctea.

Segunda foto de um buraco negro
A foto do buraco negro supermassivo Sgr A* do centro da Via Láctea foi a segunda foto a ser divulgada. Crédito: Colaboração EHT

Parte das críticas era que as fotos possuíam uma qualidade baixa e aparência borrada. Essa problema era algo que o EHT estava trabalhando pra resolver desde então.

A terceira foto mais nítida

Utilizando uma técnica chamada principal-componente analysis, a brasileira Lia Medeiros criou um algoritmo capaz de gerar a imagem com maior nitidez. O modelo foi treinado com simulações numéricas de buracos negros e testado com os dados obtidos na campanha de 2017.

O resultado foi a imagem divulgada em 2019 com uma nitidez maior. A qualidade melhor da imagem ajudará os astrofísicos da colaboração encontrar as propriedades, como massa e spin, com um erro menor. Além de testarem a relatividade geral de Einstein com mais acurácia no ambiente do buraco negro.