O Outono de 2022 será com La Niña?

As últimas análises prognósticas do CPC/NOAA revelaram que a La Niña, que se estabeleceu nessa primavera, poderá durar até o outono de 2022! Além disso, espera-se que em seu pico o fenômeno atinja uma intensidade moderada.

La Niña
Nas últimas semanas as águas superficiais do Pacífico Tropical esfriaram consideravelmente, registrando anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) próximas de -1.0°C. Fonte: Tropical Tidbits.

A fase negativa do fenômeno El Niño - Oscilação Sul (ENOS), a La Niña, emergiu e se desenvolveu rapidamente sobre as águas do Oceano Pacífico Tropical entre os meses de setembro e outubro. No último mês de outubro as águas mais frias que o normal, que caracterizam o evento, ganharam força, mudando os prognósticos dos modelos climáticos.

A La Niña provavelmente se estenderá até o outono de 2022, potencialmente retornando as condições neutras durante abril-junho de 2022.

Desde o final do último evento de La Niña nos primeiros meses deste ano, já havia a expectativa do ressurgimento da La Niña em meados da primavera e início do verão de 2021/22. Isso porque ao observar o histórico de eventos, um evento de La Niña é mais frequentemente seguido por uma fase neutra ou uma nova La Niña no verão seguinte.

Previsão probabilística de ocorrência de cada fase do fenomeno El Niño - Oscilação Sul (ENOS) para os próximos trimestre. Essa é uma previsão feita a partir de modelos e consenso de meteorologistas do CPC/IRI. Fonte: IRI.

A última análise e prognóstico do Centro de Previsão do Clima da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (do inglês, CPC/NOAA) confirmou o acontecimento da La Niña por dois verões consecutivos dentro do ano de 2021, com a consolidação da La Niña nessa primavera e uma probabilidade de 90% do fenômeno continuar durante todo o verão de 2021/22.

Entretanto, até o momento, pouco se podia afirmar sobre o comportamento das águas do Pacífico Equatorial para o ano de 2022. Porém, ainda na última previsão do CPC/NOAA, uma novidade veio à tona, as previsões indicaram que há 50% de chance da La Niña se estender até o trimestre de março a maio de 2022, período de outono do Hemisfério Sul. Mesmo com a maior expectativa sendo do evento se enfraquecer após o verão, essa é a primeira vez que os modelos indicam a possibilidade do fenômeno seguir ativo até o outono de 2022.

Além disso, as previsões também indicam que o índice Niño 3.4 (principal usado para inferir episódios de El Niño e La Niña) tem uma chance de 66% de atingir um valor inferior a -1.0ºC durante os meses de novembro de 2021 a janeiro de 2022, mas uma chance de apenas 14% de ficar abaixo de -1.5ºC. Isso indica que em seu pico de intensidade máxima, a La Niña provavelmente terá intensidade moderada, diferentemente do que era previsto anteriormente, de um evento de intensidade mais fraca.

A La Niña portanto deverá influenciar as temperaturas e o regime de chuvas sobre o Brasil por mais tempo do que esperávamos, tendo um maior impacto no verão mas também no início do outono. As regiões mais impactadas serão o extremo sul da região Sul do Brasil, que poderá novamente registrar vários meses de chuvas abaixo da média, e extremo norte do país que experimentará o oposto, chuvas mais abundantes que o normal.

Situação atual e impactos da La Niña

Desde o final de setembro, as anomalias do oceano Pacífico Equatorial vem diminuindo gradualmente e durante a última semana todos os valores do índice Niño estavam próximos de uma anomalia de -1.0°C, o que caracteriza um fenômeno La Niña entre fraco a moderado. O acoplamento com a atmosfera também já foi consolidado, com indícios de uma circulação de Walker intensificada sobre o Pacífico Tropical

Os efeitos da La Niña já estão sendo sentidos em várias partes do mundo, como na Índia e Indonésia, que registraram nas últimas semanas acumulados de chuvas acima da média. No Brasil estamos observando uma maior frequência na entrada de massas de ar frio, que deixam as temperaturas mais amenas e até mesmo menores que o esperado para essa época do ano nas regiões Sul e Sudeste, principalmente. Além de já estarmos observando acumulados de precipitação acima da média em partes das regiões Norte, Nordeste e norte do Sudeste, e abaixo da média na região Sul.