Na contramão da COP26, Amazônia registra recorde de desmatamento

Desmatamento na Amazônia bate novo recorde em outubro após autuação ambiental no Brasil ser a menor em 20 anos. Ambientalistas alertam para mudanças no planeta, questão que foi discutida na COP26 recentemente.

Amazônia
Registro do desmatamento na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo.

O desmatamento na Amazônia não é nenhuma novidade, infelizmente, há anos são debatidas formas de proteção, invenção de novas leis, lutas e mais lutas dos povos indígenas na tentativa de proteger o maior tesouro brasileiro e do mundo.

Em uma época que a autuação ambiental no Brasil se viu totalmente minimizada em comparativo aos últimos 20 anos, a desflorestação da Amazônia bate um recorde atrás do outro, o último foi nesse mês de outubro.

No último mês, a área desmatada da maior floresta tropical do mundo alcançou 877 quilômetros quadrados, algo jamais visto, jamais registrado, jamais sentido, sendo 5% a mais com relação a 2020. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Floresta Amazônica

A maior floresta tropical do mundo compreende um dos maiores e mais diversificados biomas do planeta, é rica em biodiversidade de fauna e flora, por isso é tão valiosa e tão cobiçada.

Mico
Com uma fauna e flora diversificada, riquezas da Amazônia estão cada vez mais ameaçadas.

A Amazônia corresponde a 59% do território nacional brasileiro, inclui área de oito estados, sendo Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de uma parte do Maranhão.

Desmatamento desenfreado

O desmatamento na Amazônia cresce em níveis desenfreados nos últimos anos apesar da luta pela proteção. De acordo com o INPE pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (DETER) da Amazônia, que faz o monitoramento do bioma através de satélites, a área desmatada foi a maior no mês de outubro desde 2016. Foram mais de 4500 avisos de desflorestação enviados pelo sistema DETER nesse mês de outubro.

O último recorde registrado para um mês de outubro ocorreu em 2020 quando mais de 800 quilômetros quadrados de floresta foram destruídos. Apesar do recorde estrondoso de anos para outubro, não foi o maior da atualidade. Em setembro uma área de 984 quilômetros quadrados de vegetação nativa sofreu desmate.

Em 2020 foram devastados mais de 10 mil quilômetros quadrados de floresta nativa, o maior índice calculado em 12 anos. Nesses 10 meses de 2021, o desmatamento já alcança números absurdos acumulando em torno de 8 mil quilômetros quadrados. A pergunta é: aonde vamos parar?

COP26

A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas aconteceu há poucos dias, e os números de desflorestação da Amazônia contradizem completamente o discurso do Governo brasileiro que afirmou que as taxas de desmatamento da floresta vêm caindo, uma vez que ações de controle e fiscalização para conter a destruição florestal foram intensificadas.

Também na COP26, o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, garantiu que o país eliminará o desflorestamento ilegal na maior floresta tropical do mundo, e que isso deve acontecer até o ano de 2028, e que além disso, reduzirá pela metade a emissão de gases de efeito estufa até 2030.

COP26
26ª Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas ocorreu em Glasgow

Pelos números, as contas não batem. A devastação aumenta cada vez, o descontrole fiscal virou chacota frente à países que se mostram muito preocupados com uma floresta que é "nossa".

Com o atual cenário da Amazônia, como acreditar que em apenas sete anos o desmatamento ilegal da floresta vai acabar? Como ter esperança de um controle do aquecimento global dentro de 10 anos? Pois é, como disse o porta-voz da campanha do Greenpeace na Amazônia, Rômulo Batista, "assinar ou endossar os diferentes planos e acordos não muda a realidade do chão da floresta. O desmatamento e as queimadas continuam fora de controle, e a violência contra os povos indígenas e população tradicional só aumenta".