Baleia-sei retorna às águas argentinas: por que seu aparecimento entusiasma os cientistas?

A baleia-sei é o terceiro maior animal do mundo e, após quase 100 anos sem avistamentos, foi vista novamente no Mar Argentino. Por que isso é uma excelente notícia?

Baleia Sei
A baleia-sei foi avistada no Mar Argentino depois de quase 100 anos.

E um dia, o "gigante do oceano" decidiu retornar. E voltou com força total! Quase um século depois de seu último avistamento no Mar Argentino, a baleia-sei (Balaenoptera borealis, seu nome científico) fez-se notar novamente. E isso é uma ótima notícia, especialmente quando se trata de conservação de espécies marinhas.

A baleia-sei é considerada o terceiro maior animal do planeta e está listada como espécie criticamente ameaçada de extinção. Por isso, sua presença, relatada no Golfo de San Jorge (Chubut), é tão animadora e oferece uma réstia de esperança.

O retorno de um gigante: a baleia-sei está no Mar Argentino

O avistamento mais recente, que confirmou a presença massiva desses cetáceos no Mar Argentino, foi o primeiro desde 1929. E não foi algo deixado ao acaso ou por acidente.

Por trás dessa descoberta impressionante, destaca-se o trabalho científico contínuo de uma equipe liderada pelo biólogo Mariano Coscarella, que trabalha no Centro de Estudos de Sistemas Marinhos (CESIMAR–CONICET).

Drones, apoio da Força Aérea Argentina e uma série de análises genéticas realizadas ao longo de várias semanas foram cruciais para confirmar que os espécimes observados no Golfo de San Jorge eram de fato baleias-sei. As magníficas baleias foram avistadas ao sul de Caleta Olivia e em Pico Salamanca.

Este retorno histórico, ocorrido há quase um século, também se tornou o foco do documentário "Sei, a baleia desconhecida", produzido em colaboração com a National Geographic Pristine Seas e já apresentado em diversos locais em Chubut e Buenos Aires.

Por que a baleia-sei desapareceu e por que está retornando?

Para entender a importância científica e ecossistêmica desse retorno histórico, precisamos voltar ao início do século XX. A baleia-sei foi praticamente erradicada da costa argentina devido à caça intensiva para fins comerciais.

Baleia Sei
Os últimos avistamentos de baleias-sei registrados na Argentina datam de 1929. Foto: @CONICETCenpat

Essa situação reduziu sua população global em mais de 80% e levou esse cetáceo à beira da extinção. Estima-se que somente no Hemisfério Sul, cerca de 300.000 indivíduos foram caçados.

Como resultado, praticamente não houve registros de baleias-sei nos últimos cem anos. No entanto, algumas medidas tomadas nos últimos anos — como proibições internacionais de caça — levaram a uma lenta recuperação da população.

Estima-se atualmente que existam entre 10.000 e 50.000 baleias-sei no mundo.

As boas notícias por trás do retorno da baleia-sei ao mar.

O retorno da baleia-sei à costa argentina, juntamente com sua documentação científica, torna-se um evento promissor para biólogos e ambientalistas.

Isso não apenas demonstra que as populações podem se recuperar quando medidas de proteção são tomadas, mas também reforça a importância de continuar estudando e cuidando dos oceanos.

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A caça furtiva foi a principal razão para o desaparecimento das baleias-sei das águas argentinas. Foto: @CONICETCenpat

O avistamento mais recente levou à declaração da baleia-sei como Monumento Natural em Chubut, e foi implementado o primeiro plano de gestão para a observação responsável de baleias.

Além disso, os programas educacionais foram intensificados junto a escolas, universidades e comunidades costeiras, para que a sociedade local também possa se apropriar dessa recuperação ambiental tão valiosa.

A esperança, a última coisa que se perde

Embora a baleia-sei continue ameaçada de extinção e enfrente desafios adversos, como a pesca industrial e as mudanças climáticas, seu retorno inspira a população (especialistas, cientistas e não especialistas) a continuar trabalhando pela saúde dos oceanos.

A baleia-sei tornou-se um verdadeiro símbolo de resiliência e resistência, um lembrete vivo de que, com vontade e ciência, é possível recuperar o que um dia esteve à beira do desaparecimento (ou já não desapareceu).