Terremoto na Turquia e Síria: ondas sísmicas atravessaram parte do planeta

As ondas sísmicas do fortíssimo terremoto que abalou hoje a Turquia e a Síria, com magnitude de 7,8, atravessaram milhares de quilômetros e foram registradas por sismógrafos posicionados na Itália, Reino Unido, Espanha e também nos EUA, até o distante Alasca.

Não é um fato que surpreende os cientistas: as ondas sísmicas geradas pelos terremotos mais potentes são capazes de atravessar o planeta, não só na superfície, mas também em profundidade. Estes últimos também nos fornecem informações valiosas sobre o interior da Terra.

Terremoto na Turquia, ondas sísmicas passam pela Europa

Abaixo podemos ver animações que mostram a passagem das ondas sísmicas geradas pelo terremoto ocorrido na Turquia ontem à noite por alguns sismógrafos europeus. Outra animação mostra a propagação de ondas sísmicas até o norte da América do Norte.

Os pontos indicam as estações sismográficas, a cor vermelha mostra um movimento vertical ascendente do solo e a cor azul uma subsidência do solo. Como pode ser visto, ondas sísmicas também foram detectadas em países mais distantes do epicentro, como Espanha ou Reino Unido, e até mesmo na América do Norte. Abaixo, o sinal sísmico registrado na Grã-Bretanha.

O fato de sismógrafos europeus e norte-americanos terem registado as ondas sísmicas geradas pelo sismo de ontem à noite, cujo epicentro se situou a milhares de quilômetros de distância, não significa que o abalo tenha sido sentido em Londres ou Madrid. Os sismógrafos são instrumentos muito sensíveis, capazes de detectar oscilações muito pequenas no solo, despercebidas pelo ser humano.

Todos os dias no planeta Terra ocorrem milhares de terremotos, na Itália existem dezenas, que são registrados com precisão por sismógrafos. Apenas uma fração muito pequena desses tremores é sentida pelos humanos.

O que são ondas sísmicas

Quando ocorre um terremoto, devido a uma ruptura ao longo de uma falha, é liberada energia elástica, que se propaga em todas as direções na forma de ondas sísmicas. O ponto de ruptura é chamado de hipocentro. A enorme energia liberada por um terremoto se espalha do hipocentro em todas as direções na forma de ondas sísmicas.

As ondas sísmicas geradas por um terremoto são de dois tipos: longitudinais (ondas P, ou de compressão) e transversais (S, ondas de cisalhamento), com características distintas. Depois, há ondas de superfície, que são responsáveis pela maior parte dos danos.

Graças às ondas sísmicas sabemos como é o interior da Terra

As ondas sísmicas são muito rápidas e são capazes de atravessar o planeta se o terremoto que as gerou for suficientemente forte. Em geral, terremotos maiores que 5,0 têm a capacidade de gerar ondas sísmicas que são detectadas até mesmo no extremo oposto do planeta.

Em alguns casos, até uma erupção vulcânica muito forte pode produzir ondas sísmicas que dão a volta ao mundo: foi o que aconteceu em 2022 com a erupção de Tonga.

Ondas sísmicas se propagam na superfície, mas também atravessam as profundezas do planeta

As ondas sísmicas P e S têm a capacidade de atravessar também o interior do planeta, viajando de um lado para o outro em pouco tempo. As ondas P são mais rápidas que as ondas S e se comportam de maneira diferente dependendo da densidade do meio que está sendo atravessado.

Seu comportamento diferente de acordo com as características físicas do meio atravessado permitiu aos geólogos entender que a Terra é composta de conchas concêntricas completamente diferentes. As ondas sísmicas geradas por fortes terremotos nos permitiram, portanto, revelar a estrutura interna do planeta, que de outra forma nunca poderíamos conhecer.

Assim, o fato de a velocidade e o comportamento das ondas sísmicas P e S nas profundezas do planeta serem influenciados pela densidade do meio atravessado, e por outras características físicas, permitiu aos cientistas entender como é o interior do planeta.