Onda de calor extrema gera recordes na Espanha, Portugal e França

É a segunda onda de calor que afeta esta região. O calor ficou mais forte e ameaça se estender para outras áreas na próxima semana. A ocorrência de incêndios já está se tornando uma realidade.

Onda de calor
A onda de calor será excepcional tanto pelas temperaturas extremas como pela sua longa duração.

Uma onda de calor extrema continua atuando na Península Ibérica, estendendo-se progressivamente para norte, sobre o território francês. Este evento, que começou como uma onda de calor associada ao aquecimento da Península Ibérica, vem se intensificando desde a terça-feira (12), devido à circulação gerada por uma baixa segregada (cut-off low, em inglês) sobre o Oceano Atlântico, entre as Ilhas portuguesas de Açores e Madeira. Este sistema constrói um intenso canal de ventos de sul que atrai ar muito quente do Saara em direção à Espanha, Portugal e França.

Essa massa de ar quente também é comprimida por uma grande crista de alta pressão que se estende em direção ao centro da Europa. Como resultado, as temperaturas continuam aumentando. Embora o pior da onda de calor deva ser relatado entre quarta-feira (13) e o fim de semana, ainda não está claro com que intensidade ela pode se estender além desses dias.

Esta terça-feira, a temperatura máxima na Espanha foi registada em Mérida, província de Badajoz em Extremadura, com um valor de 43,9°C. Um fato extraordinário foi o valor da temperatura máxima em Ribadavia, província de Ourense (Galicia), que atingiu os 43,5°C e estabeleceu um novo recorde para aquela área da Espanha, que geralmente fica de fora deste tipo de evento extremo.

Recordes de temperaturas extremas podem ser quebrados

Ao norte, a máxima subiu para 38,5°C no sul da França, e esses valores devem persistir nos próximos dias. Em Portugal, Evora, a leste de Lisboa, registrou uma máxima de 42,1°C. Embora esses valores pareçam altos, principalmente para a Espanha, tudo indica que o pior ainda está por vir. O aprofundamento deste sistema de circulação bloqueada fará com que, por exemplo, Madrid, tenha uma série de máximas acima de 40°C pelo menos até domingo, com mínimas que não ficarão abaixo de 25°C.

O que há alguns dias parecia um filme de ficção científica ao olhar para a saída dos diferentes modelos, vem se alinhando com a realidade, e tudo indica que estamos diante de uma onda de calor que deixará sua marca. Por exemplo, é muito provável que algumas temperaturas máximas ultrapassem os 47 °C em áreas da Andaluzia, Castilla La Mancha e Extremadura. Este cenário pode fazer com que o recorde histórico de temperatura máxima registrada em 2021 em Montoro, Córdoba, quando se registrou 47,2°C, seja quebrado.

O notável é que as ondas de calor dos últimos anos seguem quebrando recordes, e tendem a ser mais extensas com o aumento também das temperaturas mínimas. De fato, o recorde anterior de temperatura máxima havia sido em 2017 com 46,9°C. Ou seja, desde 2017 o recorde de temperatura foi quebrado duas vezes, e agora é muito provável que possa ser batido novamente.

Incêndios florestais já avançam nos três países

O outro lado desse tipo de onda de calor, que em grande parte da área afetada interage com ar extremamente seco e sol extremo, são os incêndios florestais que podem rapidamente se tornar incontroláveis. No caso da Espanha, o pior incêndio está se desenvolvendo na região de Las Hurdes, norte de Cáceres, Extremadura. O fogo avança para o norte e já atingiu a província de Salamanca, em Castilla y León.

Segundo o jornal El País, mais de 400 pessoas tiveram que ser evacuadas e algumas pequenas cidades da região correm sério risco de serem engolidas pelas chamas. A situação está longe de ser controlada. Por outro lado, na tarde da terça-feira (12), um novo incêndio começou em um setor da serra de Madri, ao norte da capital.

Em Portugal as coisas não estão mais fáceis, onde os incêndios já atingiram 6.400 hectares. A maioria dos focos foi contida, mas as perspectivas não são as melhores para o futuro. Naquele país está o fantasma do grave incêndio de Pedrógrao Grande, em 2017, que custou a vida a 66 pessoas. Até o último domingo (10), 107 incêndios ativos foram registrados. Segundo o site Publico, o governo português decretou estado de contingência para combater os incêndios. Por sua vez, no sudeste da França, um grande incêndio consumiu 880 hectares e foi combatido por mais de 600 bombeiros, 18 dos quais sofreram ferimentos, segundo informou o Franceinfo.