Com 5 mortos e mais de 28 mil desalojados, Rio Grande do Sul vê rio Guaíba atingir o maior nível desde 1941

Com forte El Niño e chuvas freqüentes, o nível do Rio Guaíba chegou ao mais elevado desde enchente histórica de 1941. São mais de 28 mil pessoas fora de casa e 5 mortes confirmadas.

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Imagem aérea da Subestação de Luz em Nova Santa Rita, RS, alagada devido às enchentes no Rio Caí. Foto: Reprodução

O fenômeno El Niño continua com forte intensidade nesse mês de novembro, o que tem gerado fortes impactos na distribuição e intensidade das chuvas no Brasil. O Rio Grande do Sul tem sido afetado pelo excesso de umidade, com sistemas meteorológicos se formando um atrás do outro. Frentes frias e ciclones têm sido os grandes responsáveis pelos transtornos, estragos e tragédias no estado gaúcho.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o volume de chuva registrado nos últimos 30 dias chegou a casa dos 500 milímetros em várias cidades gaúchas. A que mais registrou chuva nesse período foi Santo Augusto com 587,4 milímetros, seguida por Passo Fundo com 558,8 milímetros, por Erechim com 532 milímetros e por Santa Rosa com 515 milímetros registrados.

Porto Alegre registrou 207 milímetros em novembro, o que representa um desvio de 97% acima da média climatológica do mês que ainda nem acabou. O volume de chuva chegou a 278 milímetros em um intervalo de 30 dias segundo o INMET.

A chuva expressiva não tem atingido somente a metade norte gaúcha, mas cidades na metade sul do estado também registraram um alto volume de precipitação nos últimos 30 dias, como é o caso de Bagé com 316 milímetros registrados. De modo geral, todo o Rio Grande do Sul vem sofrendo fortes impactos do El Niño com esses eventos extremos de precipitação gerando principalmente enchentes.

Com cenário crítico, 5 mortes foram confirmadas

As cheias dos rios devido à intensa frequência de chuvas no Rio Grande do Sul provocada pela instalação do fenômeno El Niño já fez 5 vítimas fatais. Cinco mortes foram confirmadas pela Defesa Civil do estado por conta das chuvas do fim de semana.

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Enchente atinge a região das ilhas de Porto Alegre desde o fim de semana — Foto: Reprodução/RBS TV

Nesta última terça-feira (21) foi confirmada a quinta morte pelo governo gaúcho, desta vez a vítima foi uma mulher de 67 anos que não teve sua identidade revelada. A moradora foi encontrada sem vida dentro de uma casa completamente alagada em Eldorado do Sul, cidade que fica na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Antes dela, o corpo de Luis Antônio Martins foi encontrado no domingo (19) depois que seu carro foi arrastado por uma forte correnteza na estrada estadual em Vila Flores, na serra gaúcha. Outras duas vítimas fatais foram encontradas no sábado (18) também na serra, na cidade de Gramado.

A primeira morte confirmada recentemente aconteceu no dia 15 de novembro. A Defesa Civil incluiu o óbito de uma mulher no levantamento após um centro esportivo desabar com as fortes chuvas em Giruá.

Estado de calamidade no estado gaúcho

Até o momento foram contabilizadas 28.327 pessoas fora de suas casas e cerca de 63 feridos com as últimas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no fim de semana. Segundo o governo do estado, pelo menos 177 municípios foram atingidos pela chuva volumosa e forte que além de provocar alagamentos, também gerou outros estragos como desabamentos.

Segundo informações da CEEE Equatorial, ao menos 7 mil pessoas estão sem energia em áreas alagadas do estado. Inclusive, o fornecimento de luz foi interrompido após um pedido por medidas de segurança da Defesa Civil. Na área da RGE, outra concessionária de energia no estado, que engloba cidades como Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Santa Maria e Canoas, são mais de 1,3 mil pontos com fornecimento de energia comprometido totalmente.

A situação está tão crítica que moradores estão acampando nas estradas. Na região das ilhas de Porto Alegre, por exemplo, que é considerado um dos pontos mais afetados pelas inundações do fim de semana, são cerca de 2 mil pessoas fora de casa. Na BR-290, cerca de 100 moradores montaram um acampamento com lonas cedidas pela Defesa Civil e estão passando as noites na beira das estradas.

Em um relato comovente, o morador Valmir da Silva disse: É muito difícil. A gente sofre, mas precisa, fazer o quê? Não adianta sair, deixar tudo abandonado. Tem muita gente, criança, família...

Nessa última segunda-feira (20), o nível do rio Guaíba chegou a 3,39 metros de altura segundo a medição realizada no Cais Mauá às 23h45 pela Agência Nacional de Águas (ANA). Com esse nível, a marca foi a mais alta desde a enchente histórica de 1941. Nesse episódio, a água chegou a 4,75 metros em Porto Alegre. Vale ressaltar que a cota de inundação do Guaíba é de 3 metros.