Mesmo com frente frias e chuvas intensas, o calor intenso continua nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Qual a razão?

A previsão é de mais frentes frias avançando pelo centro-sul nos próximos dias, mas mesmo com a mudança no tempo e as chuvas, o calor ainda não dará trégua. Entenda o motivo.

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Volume de chuva pode beirar os 100 milímetros na fronteira oeste gaúcha devido sequência de frentes frias até meados da semana que vem.

O final de semana será marcado pela chegada e avanço de mais uma frente fria no Sul do Brasil, sistema que estará ligado a duas áreas de baixa pressão atmosférica, uma no oceano e outra no interior do continente, o que tem ocorrido de maneira corriqueira.

Essa frente fria já deve gerar chuvas fortes e volumosas sobre a metade sul gaúcha logo na manhã deste sábado (09), não se descartando o risco para transtornos devido aos ventos, raios e até eventual queda de granizo. Essa condição de tempo severo se dá pelo fato da chegada do sistema frontal encontrando uma atmosfera bem quente, sendo que as altas temperaturas servem como combustível para os temporais.

Combinação entre calor e umidade será suficiente para gerar tempo severo e eventos extremos de chuva de novo desde o Rio Grande do Sul até Minas Gerais neste final de semana.

Vale ressaltar que esse sistema frontal vai avançar rapidamente pela região Sul durante o sábado e no domingo (10) já pode provocar temporais e volumes elevados também em partes da região Sudeste, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e metade sul mineira. Outra região que deve ser atingida e entra em alerta para tempo severo é o Centro-Oeste, com destaque para Mato Grosso do Sul.

Enquanto a frente fria avança e já se afasta para o oceano, o tempo firme volta a se espalhar por áreas da região Sul, em especial sobre o Rio Grande do Sul no domingo devido à chegada de uma massa de ar seco associada a uma área de alta pressão atmosférica, sistema que também poderia chegar acompanhado por um ar mais frio, mas isso não vai acontecer.

Por que a temperatura não vai cair após a frente fria passar?

A resposta é simples, não haverá tempo hábil para isso! Mesmo com o avanço da frente fria para o Sudeste e a chegada de uma área de alta pressão atmosférica no estado gaúcho, a queda de temperatura não será expressiva porque já tem outra massa de ar quente chegando associada a uma pré-frontal, ou seja, já tem outra frente fria logo em seguida.

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Mesmo com passagem de frente fria no sábado (09), calorão será destaque em todo o Sul no domingo (10).

Na segunda-feira (11) a massa de ar seco já é empurrada rapidamente para o oceano Atlântico devido a novas instabilidades que se formam através de áreas de baixa pressão atmosférica que darão origem a uma nova frente fria que ganhará forma na terça-feira (12). Inclusive, já pode chover em áreas do Rio Grande do Sul que fazem fronteira com o Uruguai nas últimas horas do dia.

Mas é mesmo a partir da quarta-feira (13) que essa frente fria tende a gerar chuvas fortes e volumosas no Sul do país, mesmo que de maneira pontual e mal distribuída. Aliás, uma outra área de alta pressão atmosférica vai empurrar essa frente fria para alto mar e desta vez, as instabilidades associadas a ela não devem atingir a região Sudeste de maneira organizada, ou seja, o Sudeste tende a entrar em um período mais seco e mais quente.

De novo a temperatura não sofrerá uma queda e pelo mesmo motivo, outra frente fria em seguida. No final de semana entre 16 e 17 de março, outra frente fria se forma a partir de pequenas áreas de baixa pressão atmosférica entre o continente e o oceano e mais chuvas estão previstas, inclusive, há uma tendência de um evento extremo de precipitação no Rio Grande do Sul, ao qual pode atingir e gerar transtornos e prejuízos até mesmo na região metropolitana de Porto Alegre.

O calorão não vai embora tão cedo

O fenômeno El Niño começou a dar fortes indícios que está em seu ciclo final, em que as projeções aumentaram para quase 80% as chances da neutralidade climática se instalar no trimestre abril-maio-junho, ou seja, já nessa transição de março para abril, o aquecimento das águas superficiais do Pacífico Equatorial pode chegar ao fim, já existe até mesmo as primeiras aparições de um resfriamento na porção central Niño3.4.

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Anomalia de TSM mostra primeiros indícios de um resfriamento no Pacífico Equatorial. O fim do El Niño está próximo. FONTE: NOAA

Apesar dessa tendência de término do El Niño e apesar também do término do verão estar próximo, a expectativa ainda é de muito calor em praticamente todo o Brasil. Aliás, mesmo que tenhamos acompanhado anteriormente a continuidade das precipitações até o dia 17 de março devido a uma sequência de frentes frias, o maior destaque desses próximos dias será a instalação de uma intensa onda de calor no centro-sul do país.

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No período de 11 a 18 de março, uma onda de calor deve atingir partes do centro-sul do país com desvios de 3 a 6°C acima da média. FONTE: ECMWF

De 11 a 18 de março, a expectativa é de temperaturas acima do normal, com desvios que podem variar de 3 a 6°C acima da média para o período. É um calor que servirá como combustível para os temporais quando as frentes frias passarem gerando as chuvas rápidas e irregulares.

É também um calor que gera preocupações quanto à saúde humana e animal devido ao estresse térmico, isso sem falar da agricultura que sofre também impactos com essas temperaturas que favorecem o surgimento de pragas e doenças nas plantas e também perda de produtividade como mencionado no caso de hortifruti.