Janeiro: tendência de mudança de padrão que traz esperanças para o Sul

Neste mês de janeiro, mesmo sob influência do fenômeno La Niña, será observado uma mudança na distribuição da precipitação, o que traz esperança para a Região Sul. Saiba também o que é esperado para o restante do país.

La Niña, chuvas no Sul
Mesmo o mês de janeiro sob influência do La Niña as condições podem mudar para melhor para a Região Sul.

A estação chuvosa 2021/2022 de maneira geral vem sendo muito melhor em comparação ao período úmido anterior, principalmente se analisarmos as regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. No entanto, para a Região Sul o cenário não tem sido nada favorável, com chuvas expressivas e acima da média sendo observadas somente no mês de outubro.

La Niña
Anomalias de precipitação registradas paras os meses de novembro e dezembro de 2021. Padrão clássico de La Niña.

A combinação do fenômeno La Niña com uma temperatura da superfície do mar (TSM) mais aquecida na metade norte do Atlântico Sul, uma oscilação de Madden-Julian (MJO) atuando em fases neutras e uma Oscilação Antártica (AAO) predominante positiva, favoreceu uma cenário de chuvas acima da média no centro-norte do país. Como resultado também foi observado pelo menos 60 dias de precipitação irregular e até mesmo sem chuva em áreas da Região Sul, principalmente no estado do Rio Grande do Sul.

MJO; AAO
Comportamento e projeção das oscilações Antártica e de Madden-Julian.

No entanto, esse padrão tende a mudar gradativamente ao longo deste mês, algo que já se vem observando neste início de mês, com chuvas isoladas se espalhando pelo centro-sul.

Com fenômeno La Niña ainda atuante e as projeções para MJO em fases neutras, as mudanças ficam a cargo dos fatores TSM e AAO. No caso do primeiro, há uma diminuição do aquecimento no centro-norte do Atlântico Sul e uma manutenção das águas mais quentes na altura da Região Sul. Já para o segundo fator, há expectativa de atuar próximo da neutralidade com possibilidade de tendência negativa influenciando a segunda quinzena do mês. Assim, há um deslocamento da umidade mais para o centro-sul do país.

O que as projeções apontam?

Já sabemos que nesta primeira semana de janeiro as chuvas volumosas ficam concentradas no Sudeste e entre as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, proporcionando uma distribuição típica de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), com pancadas isoladas também ocorrendo na Região Sul. Esse cenário é estabelecido principalmente pela influência da tendência negativa da AAO.

Para a segunda semana, o modelo CFSv2, através das anomalias de precipitação, apresenta chuvas concentradas entre o Sudeste, Centro-Oeste e Sul, com volumes mais expressivos entre o Paraná, São Paulo, o Triângulo Mineiro, o Mato Grosso do Sul, o Mato Grosso e o estado de Goiás. Esse posicionamento pode estar associado à tendência positiva da AAO, que vem variando de intensidade. Caso seja mais intenso, há maior probabilidade de o potencial de chuvas no norte da Região Sul e no estado de São Paulo diminua bastante.

CFSv2
Anomalia de precipitação para as semanas do mês de janeiro segundo o modelo CFSv2.

Para a segunda quinzena, as projeções apontam para anomalias positivas mais deslocadas para sul, proporcionando uma cenário oposto ao que se observou nos últimos 2 meses e de alívio para a Região Sul. Esse cenário pode estar associado a uma tendência negativa da AAO ou atuação em valores negativos, que alguns membros da projeção da AAO (linhas vermelhas) apontam.

De qualquer forma, não se trata de um cenário de reversão para a Região Sul, mas sim de alívio, com necessidade de mais semanas chuvosas para haver uma reversão de cenário. Algo que pode ocorrer na primeira semana quinzena de fevereiro. Seguimos monitorando.