Como será o clima na segunda quinzena de outubro
A segunda quinzena do mês será de chuvas irregulares e variações de temperatura. A próxima semana terá a atuação de uma massa de ar frio, porém, com a tendência de formação de bloqueio na virada para novembro, as temperaturas sobem até 6°C acima da média.

O início do mês tem sido marcado por chuvas próximas da média no país. Os maiores desvios positivos ocorreram no centro-leste da Amazônia, enquanto as anomalias negativas mais intensas ficaram no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Em relação à temperatura máxima, os valores ficaram acima da média na metade sul do Rio Grande do Sul, no Brasil central e no Ceará, enquanto temperaturas abaixo da média foram observadas na região Norte, Santa Catarina, Paraná e faixa leste do país.
Mas será que este padrão se manterá até o final do mês? Confira a seguir a tendência do modelo ECMWF, de confiança da Meteored, e a avaliação dos principais padrões de grande escala.
Previsão de anomalias de chuva e de temperatura
A previsão mais recente de anomalias de precipitação do ECMWF, iniciada em 14 de outubro, indica que a semana entre 20 e 27 será de chuvas abaixo da média nas regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste, com desvios mais intensos entre o norte do Rio Grande do Sul e São Paulo. Na faixa norte do país, especialmente no litoral sul do Nordeste, as chuvas devem ficar acima da média.
Na virada do mês, entre 27 de outubro e 3 de novembro, a tendência é de chuvas abaixo da média no Nordeste, Brasil central e centro-norte do Sudeste. No restante do país, a precipitação deve se manter próxima da média, com chuvas acima da média no litoral de Santa Catarina e Paraná e no extremo oeste da Amazônia.

Em relação à temperatura, a semana de 20 a 27 de outubro terá anomalias negativas, especialmente na faixa leste do país, com até 6°C abaixo da média no Nordeste.
Porém, entre 27 de outubro e 3 de novembro, temperaturas acima da média devem predominar no centro do Brasil. Com desvios de até 6°C, a tendência aponta para uma onda de calor.

E como podemos interpretar essas anomalias? Primeiro, uma frente fria seguida de ar frio (e seco) irá avançar sobre o Brasil a partir do dia 18. Então na semana entre 20 e 27, o modelo está indicando a entrada da massa de ar frio, que é seca (anomalias negativas de precipitação) e queda das temperaturas (anomalias negativas de temperatura).
Já o padrão da virada do mês alerta para a formação de um bloqueio, onde a precipitação é desfavorecida por um centro de alta pressão e eleva as temperaturas pelo compressão do ar que é forçado a descer (aquecimento adiabático).
Padrões atmosféricos de grande escala
Com a neutralidade do Oceano Pacífico (sem El Niño ou La Niña), os principais padrões atmosféricos que controlam o clima ajudam a explicar as anomalias discutidas acima são a Oscilação Antártica (AAO) e a Oscilação Madden-Julian (MJO).
A AAO é o principal modo de variabilidade extratropical do Hemisfério Sul. A diferença de pressão entre latitudes médias e altas modula a posição e intensidade do cinturão de ventos de oeste ao redor da Antártida. Na fase negativa, há maior entrada de frentes frias e precipitação no Sul do Brasil; na fase positiva, os sistemas tendem a permanecer próximos à Antártida.
Após 15 de outubro, a AAO alcança um máximo negativo e começa o retorno à fase positiva. Este retorno para a fase positiva causa um enfraquecimento gradativo dos sistemas no Sul, o que ajuda a explicar a anomalia de precipitação prevista.

Já a MJO tem permanecido fraca e sem influência significativa desde o começo de setembro. Esta oscilação é um padrão de variabilidade climática nos trópicos, que se move de oeste para leste ao longo do equador a cada 30 a 60 dias, influenciando a precipitação em diversas partes do globo.

Modelos GEFS e ECMWF indicam que a MJO entrará em fases (3 e 4) que desfavorecem a chuva sobre o Brasil. A fase suprimida da MJO reduz a chance de ciclones no Pacífico Leste e no Atlântico tropical e favorece a formação de bloqueios atmosféricos, mantendo o padrão de tempo mais seco e quente.