Até quando irá a forte onda de calor no Sudeste?

A região Sudeste do Brasil tem sofrido com temperaturas máximas extremas, uma sensação de calor escaldante e umidade relativa baixa desde o meio da semana passada. Quais sistemas atmosféricos são responsáveis por tais condições? Até quando durarão?

Calor Rio de Janeiro
Cidades da região Sudeste do Brasil registraram recordes de temperatura máxima nesse final de semana.

Os termômetros da região Sudeste do Brasil dispararam nos últimos dias em meio à onda de calor mais intensa desse verão! Sem a passagem de frentes frias, somada a falta de nebulosidade e o sol escaldante, diversas cidades registraram temperaturas máximas recordes e uma sensação de calor extremo.

No sábado (30) a estação meteorológica do INMET no Mirante de Santana, na zona norte de São Paulo, registrou a temperatura máxima de 34.1°C, a mais alta do ano. Anteriormente, a maior temperatura do ano havia sido registrada na sexta-feira (29), quando o termômetro registrou 32.6 °C. Essas temperaturas estiveram bem acima da média, mesmo para o período de verão.

No Rio de Janeiro as temperaturas foram ainda mais extremas, ficando bem próximas e até mesmo ultrapassando a marca de 40°C todos os dias desde meados da semana passada. A temperatura mais alta foi de 41.6°C no bairro de Irajá, zona norte do Rio, na sexta-feira (29), de acordo com o Sistema Alerta Rio.

Enquanto as temperaturas ficaram na casa dos 40°C, a sensação térmica foi muito além, chegando a 50°C! O calor foi tão extremo que numa lanchonete em Bangu, zona oeste do Rio, os ovos que estavam no depósito do estabelecimento cozinharam dentro da embalagem!

Na capital do Espírito Santo, Vitória, os termômetros marcaram a temperatura máxima de 35.2°C na quinta-feira (28), a maior do ano. Outras cidades do estado registraram temperaturas ainda maiores, por volta de 37°C. Diversas cidades de Minas Gerais também registraram temperaturas máximas acima dos 35°C.

Além das altas temperaturas, os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais também sofreram com o tempo bastante seco. A umidade relativa ficou abaixo de 20% em diversas cidades desses estados desde a quarta-feira (27) até domingo (31), quando a situação melhorou um pouco.

Por que tanto calor?

A forte onda de calor que tem atingido o Sudeste está sendo causada pela persistência de uma massa de ar quente associada a atuação da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), que esteve mais intensa e mais deslocada para oeste, atuando mais próxima ao continente, nos últimos dias. A circulação da alta pressão sobre o continente acaba favorecendo a circulação de ventos de norte, vindos do interior do continente, carregando uma massa de ar mais quente e seca.

Além da ASAS, o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) esteve centrado no norte da região Sudeste. Quando ocorre um VCAN em seu centro há um movimento de subsidência do ar que inibe a formação de nebulosidade e convecção, favorecendo a maior incidência de radiação solar e o “céu limpo”, enquanto que na borda do sistema a formação de convecção é favorecida.

Por estarem sob o centro do VCAN, os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, principalmente, sofreram com a falta de nebulosidade e chuvas, que contribuíram para o aumento das temperaturas e o tempo seco. Enquanto que no estado de São Paulo, por ter ficado na borda do sistema, algumas pancadas de chuva conseguiram se desenvolver e trazer certo alívio do calor.

Quando teremos um alívio do calor?

Entre ontem e hoje o VCAN se deslocou para norte, não estando mais sobre a região Sudeste, e a ASAS começou a apresentar sinais de um deslocamento para oeste. Dessa forma, as condições atmosféricas passarão a ficar mais favoráveis a ocorrência de pancadas de chuva em toda região Sudeste, que ajudarão a aliviar o calor. As temperaturas máximas ficarão um pouco mais amenas, comparadas àquelas registradas nos últimos dias, porém continuarão no patamar de 30°C, que é típico para essa época do ano.

Para aqueles que esperam um refresco maior, uma mudança mais abrupta é esperada para o final dessa semana, quando um sistema frontal, associado a um ciclone extratropical que se formará próximo a costa da região Sul nos próximos dias, finalmente conseguirá avançar mais a norte e atingir o Sudeste. Essa frente fria trará para a região um ar mais frio e úmido, que provocará chuvas mais generalizadas e uma queda mais abrupta das temperaturas!