Safra 2025/26 sob pressão: condições irregulares travam o plantio da soja; entenda
Clima instável atrasou o plantio da soja no Brasil inteiro: só 34,4% da área estava semeada até 25 de outubro, segundo a Conab. Produtores enfrentam seca regional, calendário apertado e custos maiores com replantio e irrigação emergencial.

A safra de soja 2025/26 começou com o pé no freio. O Brasil semeou 34,4% da área estimada até 25 de outubro, abaixo do ritmo do ano passado (37,7%) e da média de cinco anos (42,5%). O motivo principal é a irregularidade das chuvas no início da estação, que deixou grandes faixas do Centro-Oeste e do Sudeste mais secas do que o ideal para colocar a semente no chão.

Em Minas, Goiás e no interior de São Paulo, relatos apontam atraso do plantio e aposta cautelosa em janelas de precipitação, quando há estrutura, entra a irrigação emergencial para “ativar” a semeadura. Mesmo com algum avanço pontual, a fotografia da semana é de calendário apertando e custos potencialmente maiores se houver replantio.
Quando o céu atrasa o campo
Levantamento privado indica que, até 23 de outubro, 36% da área de soja estava plantada, melhora na margem, mas com alerta para calor e chuva irregular no Cerrado. Na prática, a chuva veio “aos solavancos”: pancadas isoladas e mal distribuídas, intercaladas com dias secos, o que atrapalha tanto o preparo do solo quanto a emergência uniforme das plantas.
Para novembro, o INMET projeta chuvas abaixo/irregulares em áreas do Centro-Oeste, com temperaturas acima da média, combinação que segue exigindo gerência fina do risco na largada da safra.
Decisões no campo: risco, custo e calendário
Na reta inicial, cada dia pesa. Para reduzir erros e perdas desnecessárias, vale ajustar o manejo a três frentes: tempo, solo e janela.
- Janela curta: atrasos comprimem a colheita e a entrada da safrinha, reduzindo o potencial de milho/algodão após a soja.
- Custo de replantio: sem chuvas consistentes, a emergência falha exige refazer área, gasto direto em semente/insumo e tempo perdido.
- Monitoramento meteorológico: usar previsões de curto prazo e cenários de 15–30 dias para calibrar a semeadura por talhão.
- Solo no ponto: evitar operar em excesso de umidade (compactação) e, em solo muito seco, priorizar áreas com umidade mínima ou suporte de irrigação.
- Planejamento regional: acompanhar boletins estaduais para comparar ritmo local e qualidade das lavouras.
Caminhos para virar o jogo
A soja é peça-chave da economia, move portos, ração e balança comercial, por isso atrasos na semeadura têm efeito dominó. Em Goiás, entidades alertam que a lentidão pressiona a janela da safrinha, exigindo disciplina no manejo e atenção a cada chuva para não levar o milho a um calendário arriscado.
Por outro lado, há contrapontos regionais: no Paraná, o avanço é acelerado com a maioria das lavouras em boas condições, mostrando que a fotografia do Brasil é heterogênea e muda semana a semana.
O quadro nacional, portanto, dependerá do ritmo das chuvas em novembro: se a regularização vier, parte do atraso pode ser compensada com melhor estabelecimento e manejo fino de pragas/doenças; se não vier, o setor terá de recalibrar metas e proteger margens com tecnologia e estratégia comercial.
No curto prazo, prudência é palavra de ordem. Ajustar escala de plantio, priorizar talhões com melhor umidade, manter planos B por região e seguir boletins oficiais aumenta a chance de atravessar a largada turbulenta com menos perdas, e colocar a safra no trilho antes que o calendário feche a porta.
Referência da notícia
Boletim de monitoramento agrícola. 31 de outubro, 2025. CONAB