Primavera começa com temporais, frio e geadas: quais culturas serão afetas no Sul e no Sudeste
Temporais no fim de semana e uma massa de ar frio na sequência devem marcar o início da primavera 2025. INMET prevê risco de geada no Sul e friagem no Norte; saiba quais culturas sofrem mais e como se preparar.

A primavera 2025 começa com emoção. Entre 20 e 24 de setembro, uma frente fria deve atravessar o Centro-Sul, provocando temporais, rajadas de vento e queda acentuada nas temperaturas. Logo depois, a entrada de uma massa de ar frio aumenta o risco de geada no Sul e favorece friagem na Amazônia Ocidental, combinação que preocupa agricultores em plena arrancada da safra.

O alerta ganha força porque a virada de estação costuma confundir plantas em brotação e lavouras recém implantadas. O próprio INMET reforçou o cenário em comunicado recente, enquanto o boletim agroclimatológico mensal destaca tendências de curto prazo relevantes ao campo, incluindo umidade do solo e distribuição de chuva. Em outras palavras: não é só “sensação térmica”, há risco agronômico real se a janela de frio vier logo após chuva e tempo abafado.
O que vem entre 20 e 24/09: frente fria, temporais e virada térmica
O avanço do sistema começa no Rio Grande do Sul e, em poucos dias, alcança Santa Catarina, Paraná e áreas do Sudeste e Centro-Oeste. A expectativa é de chuva volumosa em pontos do Sul, descargas elétricas e vento forte, seguidos por queda brusca de temperatura. Na sequência, a massa de ar frio e seco estabiliza o tempo e intensifica o resfriamento noturno, abrindo a janela para geada no Sul e friagem no Norte.

Essa “montanha-russa” térmica não é rara na transição inverno–primavera, mas chama atenção pela sincronia com a retomada do plantio e com floradas sensíveis. Prognósticos setoriais já apontavam possibilidade de nova frente fria mais forte no fim do mês, reforçando a importância de acompanhar avisos oficiais e atualizações de curto prazo.
Quem sente o tranco no campo
Culturas perenes e hortaliças são as mais vulneráveis ao choque térmico após chuva e abafamento. Em frutíferas de clima temperado (maçã, uva, pêssego), brotações e flores recém-expandidas podem sofrer queima por frio e ventos intensos; já em hortaliças folhosas, a geada leve é suficiente para causar perda de área foliar.
Para reduzir danos, vale o “guia-relâmpago” de proteção nas 48–72 horas anteriores ao resfriamento:
- Coberturas temporárias (túnel baixo, manta térmica) em canteiros sensíveis.
- Irrigação estratégica na véspera de noites críticas, priorizando umidade superficial sem encharcar.
- Manejo de quebra-vento e proteção de mudas recém-plantadas.
- Ajuste do calendário de tratos culturais (adubação foliar e pulverizações) para janelas sem vento forte.
Essas medidas não eliminam o risco, mas amortecem o choque térmico e ajudam na recuperação pós-evento.
Do mapa à tomada de decisão
Transformar a previsão em ação começa por cruzar alertas meteorológicos com a realidade do talhão. O boletim agroclimatológico do INMET é um bom ponto de partida para estimar estoques de água no solo e, portanto, a resiliência da lavoura à brusca queda de temperatura após a chuva.
Na prática, o roteiro é simples: acompanhar os avisos e alertas meteorológicos
diariamente, mapear áreas de maior suscetibilidade (baixas topográficas e fundos de vale) e preparar o “kit geada” com 2–3 dias de antecedência.
Em regiões onde o temporal antecede o frio, a janela ideal de plantio pode abrir logo após o retorno do tempo firme, mas só se o solo conservar umidade suficiente. No início de primavera, prudência e tempo quase real são aliados para evitar replantio e perdas desnecessárias
Referência da notícia
Boletim agroclimatológico mensal. 9 de setembro, 2025. INMET.