Chuvas na safra 25/26: soja avança, lavouras encharcadas preocuparam produtores

Uma nova rodada de instabilidades atua sobre o Brasil nesta metade de semana, depois da passagem de um ciclone extratropical que trouxe temporais ao Sul e ao Sudeste. A frente fria associada a esse sistema reorganiza a umidade e mantém pancadas de chuva frequentes em áreas agrícolas importantes do Matopiba, Centro-Oeste e parte da Região Norte, com risco de raios, rajadas de vento e alagamentos pontuais.

O cenário é de muita água em pouco tempo em algumas regiões, enquanto outras ainda alternam janelas de sol com temporais no fim da tarde. Ao mesmo tempo, os números oficiais chamam atenção: segundo a Conab, o plantio de soja da safra 2025/26 já chegou a 90,3% da área prevista, com projeção de recorde de produção, enquanto o milho de primeira safra também avança, embora sob pressão do clima irregular.

Frente fria, corredor de umidade e onde a chuva aperta

Neste momento, a frente fria que cruzou o Centro-Sul alimenta um corredor de umidade vindo da Amazônia em direção ao Sudeste, sustentando nuvens carregadas sobre Goiás, Tocantins, sul do Maranhão e do Piauí, além de trechos do Pará e do Amapá.

No Sul, a fase de chuva mais volumosa já passou, mas o solo segue encharcado em muitas áreas e novos temporais isolados ainda são previstos, especialmente no Rio Grande do Sul. Em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, o excesso de chuva em alguns momentos provoca paralisações pontuais de plantio e tratos culturais, alongando o calendário de semeadura.

Nesses contextos, qualquer pancada mais forte aumenta o risco de erosão, encharcamento em baixadas e parada de máquinas em pontos críticos da lavoura.

Soja adiantada, milho em andamento e o peso do replantio

Os dados mais recentes da Conab indicam uma safra robusta de grãos: a produção total projetada é de cerca de 354 milhões de toneladas, com a soja respondendo por aproximadamente 177 milhões em quase 49 milhões de hectares.

O plantio da oleaginosa já está praticamente concluído em estados como Mato Grosso e São Paulo e se aproxima da reta final no restante do país, apesar dos atrasos iniciais provocados por chuva irregular em parte do Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

Nesta semana, alguns pontos merecem monitoramento especial:

• talhões com solo pesado ou drenagem deficiente, mais sujeitos a encharcamento e “afogamento” de sementes;
• áreas em que a soja precisou ser replantada e agora têm plantas em estádios diferentes dentro da mesma lavoura;
• lavouras de milho verão sensíveis ao calor e à falta de regularidade hídrica nas fases iniciais de desenvolvimento;
• risco maior de doenças fúngicas em ambientes constantemente úmidos e abafados, exigindo visitas mais frequentes à lavoura.

No milho, a Conab estima que 71,3% da área de primeira safra já foi semeada, com expectativa de crescimento em área e produção em relação ao ciclo anterior.

Previsão e decisões no campo

A chuva que hoje ajuda a consolidar a safra em boa parte do Centro-Oeste, Sudeste, Matopiba e Norte pode virar problema quando cai concentrada em poucas horas. A tendência é de muitas nuvens, calor e pancadas de chuva em grande parte do Centro-Norte, em linha com o cenário de dezembro mais úmido previsto pelo Inmet para essas regiões.

Observar não só quanto vai chover, mas em que dia, em que horário e com qual intensidade ajuda a escolher o melhor momento para entrar com maquinário, recalcular o calendário do milho segunda safra e proteger lavouras mais sensíveis.

Em um ano em que o país caminha para nova safra recorde, cada decisão tomada entre hoje e o fim de semana pode fazer diferença na produtividade final, e definir se a chuva será aliada ou vilã no campo brasileiro.

Referência da notícia

Ciclone Extratropical provoca grandes volumes de chuva e rajadas de vento no Sul e Sudeste. 11 de dezembro, 2025. INMET.

Boletim agroclimatológico mensal. 12 de dezembro, 2025. INMET.