Embaixo d’água: como será o futuro em várias cidades do mundo?

Simulações gráficas feitas pelo Climate Central mostram para todo o mundo e para os grandes líderes da COP26 como será o futuro em grandes cidades costeiras caso nenhuma mudança seja feita em relação as emissões de gases de efeito estufa.

Aumento nível do mar
Simulação mostra como ficaria a paisagem ao redor do Elevador Lacerda na cidade de Salvador, Bahia, num cenário de aquecimento de 3°C. Imagem: Climate Central.

Você já tentou imaginar como algumas paisagens de cidades famosas pelo mundo ficariam nas próximas décadas com o aumento da temperatura média do planeta e o consequente aumento do nível do oceano? Novas ferramentas interativas feitas pela Climate Central te ajudarão a imaginar os novos cenários que poderão surgir com o avanço do aquecimento global!

As ferramentas desenvolvidas por esse grupo de pesquisa sem fins lucrativos nos mostram através de imagens bem impactantes quanto o nível do mar poderá subir de acordo com o nível de redução das emissões de carbono, que ditará o nível de aquecimento do planeta nos próximos anos. Essas ferramentas gráficas são fruto de um estudo publicado pelo grupo na revista Environmental Research Letters.

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Os pesquisadores do Climate Central usaram dados de projeções de elevação global do nível do mar e população para analisar as partes do mundo que serão mais vulneráveis ao aumento do nível do mar. De acordo com os resultados, cerca de 385 milhões de pessoas vivem atualmente em terras que serão inundadas pela maré alta, mesmo se as emissões de gases de efeito estufa forem reduzidas.

O objetivo de nossa pesquisa era mostrar o quão grande é a escolha que temos. É realmente uma escolha entre um futuro administrável e um em que haveria tanto aumento do nível do mar que muitas de nossas grandes cidades costeiras provavelmente se perderiam- Ben Strauss, CEO e cientista-chefe da Climate Central 

O carbono que já está em nossa atmosfera está aquecendo a temperatura do planeta em 1,1 ° C, o suficiente para que o nível médio do mar suba cerca de 1,9 metros nos próximos séculos. Se considerarmos o cenário mais otimista, em que as emissões globais começam a diminuir hoje e são reduzidas a zero até 2050, o aquecimento da temperatura média da Terra ficaria limitado a 1,5°C, o que levaria a um aumento de 2,9 metros no nível do mar em vários séculos, afetando terras habitadas por 510 milhões de pessoas hoje.

Em um cenário pessimista, considerando que as emissões de gases de efeito estufa continuem da forma atual, o planeta pode aumentar 3 ºC ainda nesse século. Com esse nível de aquecimento a linha da maré alta pode invadir a superfície ocupada por até 10% da população global atual, mais de 800 milhões de pessoas! Com isso, cerca de 50 grandes cidades ao redor do mundo perderão a maior parte de suas áreas desenvolvidas.

Os cientistas da Climate Central também examinaram onde as populações são mais vulneráveis nos próximos 200 a 2.000 anos. Segundo as análises, as áreas com maiores riscos se concentram na região da Ásia-Pacífico. China, Índia, Vietnã e Indonésia estão entre os cinco países mais vulneráveis ao aumento do nível do mar a longo prazo.

Muitas pequenas nações, principalmente ilhas, estão ameaçadas de perda quase total. Sob um cenário de aquecimento de 3 ° C, as Ilhas Cocos, Maldivas, Ilhas Marshall, Kiribati, Ilhas Cayman, Tokelau, Tuvalu e Bahamas enfrentarão, cada uma, um futuro em que as terras que abrigam mais de 90% de suas populações atuais ficarão embaixo d’água. Com aquecimento de 1,5 ° C, a ameaça ainda ultrapassa 60% para cada ilha.

Inclusive, na última quarta-feira (4), o ministro Simon Kofe de Tuvalu, uma das pequenas ilhas do Pacífico que correm o risco de desaparecer nas próximas décadas, chamou atenção ao discursar para a COP26 de terno e gravata de dentro do mar, com água até o joelho.