Descoberta: vulcões adormecidos podem esconder um grande potencial explosivo

Um novo estudo publicado recentemente descobriu que até mesmo vulcões adormecidos podem despertar rapidamente e com uma grande força explosiva após milhares de anos de inatividade. Saiba mais aqui.

Ilha Anak Krakatau, na Indonésia
Erupção na ilha Anak Krakatau, na Indonésia, em 2018. Foto: Reprodução.

Neste estudo, que foi publicado recentemente na revista Contributions to Mineralogy and Petrology, os pesquisadores analisaram a história eruptiva do vulcão Ciomadul, localizado na Romênia (Europa), e descobriram que até mesmo vulcões adormecidos escondem uma surpresa explosiva em seu interior, podendo despertar com grande força após milhares de anos de inatividade.

Análise da atividade eruptiva do vulcão Ciomadul

O Ciomadul é um dos vulcões mais jovens do centro-leste da Europa, e não entra em erupção há cerca de 30 mil anos.

Os pesquisadores estudaram o ciclo de atividade vulcânica do Ciomadul ao longo do último milênio, a fim de determinar os tipos de erupções passadas e a idade das rochas, para obter uma compreensão dos seus padrões eruptivos e das transições de erupções efusivas (mais suave, com fluxo constante de lava) para explosivas (liberação repentina de gases e lava sob intensa pressão).

Erupções efusivas possuem fluxo relativamente suave de lava, enquanto erupções explosivas são caracterizadas pela intensa pressão interna e presença de gases que levam a erupções poderosas, com considerável liberação de cinzas e rochas.

Para isso, eles fizeram uma análise minuciosa dos cristais e minerais das rochas vulcânicas do Ciomadul; a composição química e o teor de água dessas rochas dão pistas sobre as condições da erupção que as formaram e quando elas foram formadas. A equipe concentrou-se no período de erupção explosiva mais recente do vulcão – de cerca de 56.000 anos a 30.000 anos atrás.

Resultados sobre o magma do vulcão

Foram descobertas duas zonas de magma: uma superior, de 8 a 12 quilômetros de profundidade, e outra inferior, de 16 a 40 quilômetros de profundidade. E a forma como o magma sai na superfície parece depender da sua origem: se for composto principalmente de litosfera derretida, os produtos químicos permitem uma liberação lenta, mas se a placa oceânica entrar na mistura, a liberação química se tornará mais explosiva.

Além disso, a cristalinidade e o aumento do teor de água do magma desempenharam um papel significativo na mudança de erupções efusivas para erupções explosivas após um intervalo de cerca de 10.000 anos ou mais.

cratera do vulcão Ciomadul
Lago Sfânta Ana situado na cratera do vulcão Ciomadul, Romênia. Crédito: Kósa István.

“As erupções mais recentes foram formadas por erupções explosivas mais perigosas em comparação com o episódio ativo anterior”, disse Barbara Cserép, autora principal do estudo.

“Houve vários períodos longos de dormência nos quase milhões de anos de vida do vulcão, mas mesmo depois de dezenas de milhares de anos, às vezes até mais de 100 mil anos de inatividade, as erupções vulcânicas recomeçaram”, disse Szabolcs Harangi, coautor do estudo.

Em resumo, as análises indicam então que vulcões há muito tempo adormecidos podem entrar em erupção com uma grande potência explosiva após longos períodos de inatividade.

A importância da pesquisa

Segundo os autores, a erupção de vulcões – independentemente da sua magnitude – representa um risco significativo, muitas vezes subestimado, para a sociedade moderna.

Dessa forma, a pesquisa pode ajudar a detectar sinais de uma erupção iminente, oferecendo modelos preditivos para o comportamento vulcânico futuro. Ela serve também como um lembrete dos riscos potenciais de vulcões potencialmente ativos e da necessidade de sistemas contínuos de monitoramento e detecção precoce para a segurança pública.

Referência da notícia:

CSERÉP, B. et al. Constraints on the pre-eruptive magma storage conditions and magma evolution of the 56–30 ka explosive volcanism of Ciomadul (East Carpathians, Romania). Contributions to Mineralogy and Petrology, v. 178, 2023.