Como se formam os nevoeiros?

Sendo um fenômeno meteorológico comum durante o inverno, os nevoeiros se formam em condições atmosféricas específicas. Eles apresentam sérios riscos ao tráfego aéreo, terrestre e marítimo devido à redução da visibilidade, entre outros problemas.

Registro de nevoeiro em superfície super resfriada.

Um nevoeiro é basicamente uma nuvem stratus no nível do solo, onde as gotas d’água em suspensão no ar reduzem fortemente a visibilidade horizontal. Embora seja um evento típico da estação fria, os nevoeiros podem ser registrados em qualquer época do ano, desde que as condições necessárias estejam disponíveis. Existem alguns tipos de nevoeiros, em geral as diferenças estão relacionadas à gênese do fenômeno. As três grandes classificações são: nevoeiro de radiação, nevoeiro de advecção e nevoeiro orográfico. Independente de qual tipo seja o nevoeiro, a sua dissipação ocorrerá ao longo da manhã, a medida que o Sol aquece a superfície e desconfigura a inversão térmica (aumento da temperatura com a altitude).

As condições que favorecem o nevoeiro de radiação são noites de céu claro, o que facilita a perda de calor da superfície terrestre para a atmosfera ao longo da noite. Logo, o intenso resfriamento da superfície torna a camada de ar junto ao solo mais fria do que a camada imediatamente acima (inversão térmica por perda radiativa).

Isso ajuda a explicar o declínio das temperaturas no período noturno quando não há nuvens. No entanto, é importante lembrar que, as temperaturas mínimas, são sempre registradas no amanhecer. Considerando que haja vapor d’água presente nessa camada fria próxima ao solo, e que o ar seja resfriado até a temperatura do ponto de orvalho (umidade relativa de 100%), o vapor se condensará em minúsculas gotas de água líquida em suspensão, caracterizando o nevoeiro radiativo observado em manhãs frias.

Com relação ao nevoeiro advectivo, este se forma quando uma camada de ar quente e úmida é advectada (transportada) horizontalmente sobre uma superfície fria (solo ou água). Nessa situação, a massa de ar quente cede calor para a superfície e, portanto, se resfria. O ar se resfriando até a temperatura do ponto de orvalho, condensará o vapor d’água, resultando no nevoeiro advectivo.

Já os nevoeiros orográficos, acabam se formando devido a topografia local. Quando uma camada de ar úmida e estável sobe a encosta de uma montanha, ela se resfria. Se o aclive for bastante extenso, o resfriamento fará o ar atingir seu ponto de saturação que, por fim, formará o nevoeiro orográfico.

Perigos associados aos nevoeiros

Os nevoeiros sempre representam uma ameaça a segurança do transporte aéreo, terrestre e marítimo, uma vez que a visibilidade horizontal e vertical se torna comprometida. Por isso, é comum o fechamento de aeroportos quando ocorre o fenômeno. Algumas pessoas confundem nevoeiro com neblina, mas via de regra, se a visibilidade horizontal no solo é superior a 1 km, o nome mais apropriado é neblina, e não nevoeiro.

Além dos perigos da visibilidade, os nevoeiros podem ser nocivos à saúde humana, sobretudo nas grandes metrópoles. Alguns locais do mundo como China e Estados Unidos, por exemplo, registram um tipo de nevoeiro denominado smog (ou nevoeiro fotoquímico). Um smog consiste numa mistura de gases poluentes junto as gotas d'água em suspensão acima da superfície terrestre. Geralmente, os gases poluentes são provenientes das atividades industriais, dos veículos, termelétricas a carvão etc.

O nome fotoquímico é devido as reações químicas (na presença da luz solar) que podem ocorrer entre os poluentes durante um evento de smog. Dentre os gases nocivos, o ozônio (O3) é um dos principais presentes no nevoeiro fotoquímico. Do ponto de vista atmosférico, o smog também está no contexto de inversão térmica. Regiões muito continentais e em latitudes mais altas como a Ásia (onde está a China), mesmo na presença do Sol nas manhãs de inverno, a superfície por vezes não se aquece a ponto de cessar a inversão. Com isso, os nevoeiros fotoquímicos persistem mesmo com o Sol.