Sibéria enfrenta onda de calor extrema sem precedentes

A Sibéria, uma das regiões mais frias do planeta, tem registrado temperaturas excepcionais da ordem de 30°C, um calor extremamente anormal para essa região do planeta. No último sábado, essa onda de calor quebrou um novo recorde preocupante, o registro de 38°C!

Onda de calor Sibéria
Campo de anomalia da temperatura em superfície no mês de maio de 2020 evidencia a onda de calor na Sibéria. Fonte: Nasa Earth Observations (NEO).

A Sibéria, uma das regiões mais frias do planeta, tem atingindo extremos de temperatura máxima nunca antes observados na região do Círculo Polar Ártico. As altas temperaturas estiveram associadas a incêndios florestais, um enorme derramamento de óleo e uma infestação de mariposas que comem árvores!

O mês passado foi confirmado pelo Serviço de Mudanças Climáticas da Copernicus como o maio mais quente da história global. As temperaturas mais extremas do mês ocorreram em partes da Sibéria, onde algumas localidades registraram temperaturas da superfície 10°C mais quentes que o habitual. Mas não foi apenas o mês de maio, todo o inverno e primavera boreal registraram períodos em que a temperatura esteve bem acima da média.

Cidades russas localizadas no Círculo Polar Ártico registraram temperaturas extremas, como Nizhnyaya Pesha que atingiu 30°C no dia 9 de junho e Khatanga, que normalmente registra temperaturas de 0°C durante essa época do ano, atingiu 25°C em 22 de maio.

De acordo com os meteorologistas, o inverno desse ano foi o mais quente na Sibéria desde o início dos registros a 130 anos atrás! As temperaturas médias estiveram 6°C acima do esperado para a estação. Isso fez com que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressasse sua preocupação em relação ao calor extremo e o derretimento do permafrost (tipo de solo congelado encontrado na região do Ártico).

O derretimento do permafrost foi culpado, em parte, pelo grande vazamento de milhares de toneladas diesel na Sibéria no início de junho, o que levou Putin a declarar estado de emergência. Incêndios florestais também têm atingido centenas de milhares de hectares de floresta na Sibéria. Durante a primavera os agricultores da região costumam usar o fogo para limpar a vegetação, porém, as altas temperaturas e ventos fortes fizeram com que muitos desses incêndios ficassem fora de controle.

Além disso, enxames de mariposas de seda da Sibéria, cujas larvas se alimentam nas árvores coníferas, cresceram rapidamente com o aumento das temperaturas. Essa infestação pode trazer consequências trágicas às florestas, pois com as larvas se alimentando das árvores, elas ficam mais fracas e mais suscetíveis aos incêndios.

Novo recorde de temperatura máxima!

No último final de semana as temperaturas extremas atingiram um novo recorde preocupante. A cidade de Verkhoyansk, localizada no nordeste da Sibéria, a 5 mil km a leste de Moscou, registrou nesse sábado (20) uma temperatura de 38°C, a mais alta já documentada no Círculo Polar Ártico! Quando confirmada, esse registro quebrará o recorde anterior de 37.3°C, estabelecido em julho de 1988, e será a temperatura mais quente já registrada no Ártico desde 1885.

No domingo (21) a mesma cidade registrou temperatura de 35.2 °C, mostrando que a temperatura registrada no sábado não foi um acaso. A média de temperatura máxima para o mês de junho em Verkhoyansk é de apenas 20°C!

Durante o inverno, Verkhoyansk é um dos pontos mais frios do mundo, com temperaturas que frequentemente caem abaixo de -50°C. A temperatura na cidade já chegou a -67.8°C em fevereiro de 1892. Portanto, a diferença entre o recorde de temperatura mínima e o recente recorde de temperatura máxima é de 105.8 °C!

Outras cidades próximas de Verkhoyansk também atingiram a marca de 30°C na semana passada, algo bem incomum para essa época do ano, apesar de já ser verão no Hemisfério Norte. Essas temperaturas foram causadas por uma grande área de alta pressão que permanece estacionada sobre essa região.