O 'Relógio do Juízo Final' está a 90 segundos da catástrofe global

Boletim de Cientistas Atômicos anuncia que 'estamos a 90 segundos da meia-noite do cataclismo', no chamado 'Relógio do Juízo Final'. Te explicamos aqui como este relógio funciona e o que isso significa para a vida na Terra.

Relógio Apocalipse, Juízo Final, Fim do Mundo
Em 2023, "estamos a 90 segundos do fim da humanidade", de acordo com o 'Relógio do Juízo Final'.

O 'Relógio do Apocalipse', ou 'Relógio do Juízo Final' ou "Relógio do Fim do Mundo' (conhecido em inglês como 'Doomsday Clock'), é uma representação gráfica de ameaças de origem antropogênica (ou seja, provenientes dos seres humanos) que nos aproximam da 'destruição total e catastrófica' da humanidade. É uma forma de quantificar o quão perto estamos de uma simbólica catástrofe global, que ocorrerá quando o relógio bater exatamente meia-noite.

O Conselho de Ciência e Segurança, através do Boletim de Cientistas Atômicos da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, é o encarregado de mover os ponteiros desse relógio em particular, e para isso levam em consideração diferentes tipos de perigos.

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Todos os anos, o Conselho convoca duas reuniões com 18 especialistas em diferentes áreas: ameaças biológicas, diplomacia, ciência nuclear, mudança climática, história militar e tecnologias disruptivas (como a nanotecnologia, que pode causar danos irreparáveis), onde debatem sobre as ameaças atuais que a humanidade enfrenta.

Os cientistas envolvidos explicam que “o ato de adiantar o Relógio do Juízo Final representa a necessidade clara e urgente de monitorar o que está acontecendo”.

O painel de especialistas inclui cientistas renomados, dentre eles 11 ganhadores do Prêmio Nobel. Uma vez alcançado um consenso entre os participantes do painel, é estabelecida a posição do ponteiro do 'Relógio do Fim do Mundo', que representa os perigos mundiais.

2023: a apenas '90 segundos do 'Fim do Mundo'

Em 24 de janeiro, o Boletim dos Cientistas Atômicos aproximou um pouco mais o ponteiro dos segundos do 'Relógio do Juízo Final' para a meia-noite, passando dos 100 anteriores para os atuais '90 segundos'.

Neste ano de 2023, começamos a enfrentar diferentes crises globais que se multiplicam e deixam consequências absolutamente devastadoras. As ameaças se intensificarão e também deixarão efeitos negativos potencialmente mais duradouros, explicam os cientistas.

A recente declaração emitida pelo Boletim de Cientistas Atômicos descreveu este momento na história comoum momento de perigo sem precedentes.

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O anúncio de antecipação dos segundos foi feito durante uma coletiva de imprensa realizada em Washington DC.

Foram vividos desafios sem precedentes, pelo terceiro ano consecutivo sob as consequências da pandemia de Covid-19. Apesar de os efeitos graves na saúde terem diminuído substancialmente graças à vacinação a nível global, as consequências sociais e econômicas continuam muito presentes. Outro ponto de perigo máximo que nos aproxima do potencial cataclismo está relacionado à invasão da Ucrânia pela Rússia, com ameaças nucleares de Vladimir Putin.

A história do 'Relógio do Fim do Mundo'

No final da década de 1940, o homem criou uma colossal ameaça mundial, uma enorme 'nuvem' negra sobre o planeta: havia nascido a nova tecnologia das 'armas nucleares', uma intimidação global que infelizmente veio para ficar.

Por isso que no ano de 1945 foi inevitável alertar o mundo com urgência sobre as graves consequências das ações humanas, que tornaram o planeta um lugar “frágil” e menos seguro. Em 1947, um grupo de cientistas, muitos dos quais trabalharam no Projeto Manhattan para construir a bomba atômica, mas que se opuseram ao seu uso contra as pessoas, se uniram para formar o Boletim dos Cientistas Atômicos, e assim foi criado o 'Relógio do Juízo Final'.

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Na década de 2010, chegamos muito perto de estar à beira de uma guerra nuclear.

Com o avanço do século 20, foram acrescentados outros tipos de perigosas ameaças antrópicas a considerar para mover os ponteiros deste relógio. Em 1991, o relógio foi ajustado para '17 minutos para a meia-noite', o mais próximo que já esteve do dia do juízo final até então. Essa mudança ocorreu após o colapso da União Soviética e a assinatura do Tratado de Redução de Armas Estratégicas pelos Estados Unidos e Rússia. Durante a década de 1990, o mundo parecia um pouco mais seguro.

Como chegamos muito perto da guerra nuclear na década de 2010, as relações dos EUA com outras potências nucleares globais, como China e Rússia, tornaram-se cada vez mais tensas. O acordo nuclear com o Irã havia sido abandonado, o que afetou a geopolítica do Oriente Próximo.

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"O ato de adiantar o Relógio do Juízo Final representa a necessidade clara e urgente de observar o que acontece".

A ameaça nuclear norte-coreana ganhou força, e a tensão cresceu com a ascensão global da extrema direita, destacando o papel conflituoso do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e também com a recusa em assinar o Acordo de Paris, por exemplo, rumávamos para um 2020 ainda mais complicado com a pandemia.

Entre os anos de 2021 e 2022 os ponteiros deste relógio marcaram 100 segundos para a meia-noite. As tensões entre as nações cresceram e as perdas econômicas chegaram a 270 bilhões de dólares a nível global em 2022, com o triplo episódio de La Niña (que não é de origem humana, mas seu impacto é exacerbado pela mudança climática atual, que tem raízes antropogênicas). Este fenômeno favoreceu a ocorrência de furacões no Atlântico, inundações severas na Austrália, secas extremas na América do Sul e no leste da África, e secas e ondas de calor na China.

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A mudança climática é uma das ameaças atuais que a humanidade enfrenta.
Estamos prestes a completar um ano da invasão da Rússia na Ucrânia, e a ameaça nuclear está crescendo.

Neste 2023 o relógio avança negativamente para a meia-noite do Apocalipse, “estamos a 90 segundos do fim da humanidade”, uma forma desesperada do Boletim de Cientistas Atômicos retratar o perigo real, que tenta conscientizar para a gravidade do problema sem promover o pânico na sociedade mundial. Busca-se estimular boas ideias, estabelecer canais de comunicação e acordos pacíficos entre nações em conflito, para garantir o bem-estar da humanidade.