Fim dos combustíveis fósseis? COP28 termina com acordo para transição para energia limpa

Num ato sem precedentes, o chamado “Pacto de Dubai” faz um forte apelo à tomada de medidas para deixar para trás o uso de petróleo, gás e carvão e fazer uma transição rápida e justa ao uso de energia limpa.

Manifestação contra o uso de combustíveis fósseis
A COP28 termina com um acordo para reduzir o uso de combustíveis fósseis, porém o documento não propõe a eliminação definitiva do seu uso.

Foram dias intensos em Dubai, país que sediou este ano a 28ª versão da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28).

Após duas semanas de negociações, os quase 200 países participantes conseguiram delinear num documento as ações e compromissos para enfrentar as consequências das mudanças climáticas, especialmente aquelas relacionadas com a utilização de combustíveis fósseis.

Um dos principais objetivos definidos no projeto deste “Balanço Global” apega-se ao que foi afirmado no Acordo de Paris de 2015, indicando que é essencial “limitar o aquecimento global a 1,5 graus em comparação com os tempos pré-industriais”.

Uma transição irreversível e acelerada

Após a rejeição de um primeiro rascunho, que alguns representantes de diversas nações, o mundo científico e ambientalistas classificaram como “morno” e “decepcionante”, nesta quarta-feira (13) foi alcançado um acordo sobre um novo documento.

O novo “Pacto do Dubai” apela aos Estados para que abandonem a utilização de combustíveis fósseis “de forma ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica, a fim de atingir a meta de emissões líquidas nulas até 2050, “de acordo com a ciência”.

E embora, como muitos esperavam, o texto não fale na “eliminação” dos combustíveis fósseis como fonte de energia, alguns pontos-chave levantados pela proposta são:

  • Triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030.
  • Desenvolver uma lista de energias limpas que inclua tecnologias renováveis, nucleares, de redução e eliminação, como captura, utilização e armazenamento de carbono.
  • Tomar medidas críticas com o objetivo de alcançar emissões líquidas zero até 2050, como exige a ciência.
  • A transição para energias limpas deve ser adaptada às diferentes circunstâncias de cada país.

O presidente da COP28, o sultão Al Yaber, considerou esta uma conquista histórica, agradecendo o trabalho árduo das delegações presentes.

Reduzir, não eliminar

Embora o segundo texto proposto pela presidência da COP28 tenha sido aprovado por unanimidade e em contrarrelógio, há um ponto que não deixa as partes completamente convencidas.

O uso da linguagem tem sido motivo de debate na apresentação deste projeto, onde o conceito de “reduzir” e não “eliminar” as energias fósseis, como muitos esperavam, foi finalmente refletido.

Apesar disso, chegar a um acordo sobre esta questão deixou satisfeitos diplomatas e autoridades, que finalmente aprovaram este pacto entre aplausos na sessão plenária de Al Hairat na Expo City Dubai.

Não viramos a página da era dos combustíveis fósseis, mas este resultado é o começo do fim - Simon Stiell, Secretário Executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CNMUCC).

Segundo dados da Ação Climática das Nações Unidas, os combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) são os maiores contribuintes para as mudanças climáticas globais, uma vez que representam mais de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa e quase 90% de todas as emissões de dióxido de carbono.

Isto reflete a urgência de alcançar acordos relevantes, onde cada escolha a favor da energia limpa seja um voto a favor de um ambiente mais saudável, de comunidades mais fortes e de um legado positivo para as próximas gerações.