O aumento de Data Centers pelo mundo tem causado um grande impacto negativo no meio ambiente!

Com a alta demanda de informações computacionais, tanto a quantidade quanto o tamanho dos centros de dados têm aumentado cada vez mais no mundo. Porém, esses centros prejudicam o ambiente devido ao alto consumo de água!

Data centers e o meio ambiente
Infraestrutura computacional de um centro de dados utilizado para compor servidores para armazenamento e processamento de dados.

Os centros de dados (data centers, em inglês) estão surgindo em todo o mundo para lidar com a alta demanda de informações provenientes da crescente rede de dispositivos eletrônicos, como os celulares, computadores e tablets, que fazem parte do cotidiano de grande parte das pessoas e também da economia global. Apesar de serem necessários e representarem um enorme avanço para a tecnologia, esses grandes centros de dados tem causado um grande impacto negativo no ponto de vista sustentável e climático.

Um centro de dados é um local físico que contém a infraestrutura de computação necessária para armazenamento e processamento de dados, equipamentos de rede e servidores para qualquer empresa.

Durante anos, as empresas que operam os centros de dados enfrentaram grandes desafios relacionados à alta demanda de consumo de eletricidade utilizado pelos aparelhos eletrônicos para armazenar e movimentar as informações digitais, mas pouco se sabe ou é falado sobre o consumo de água desses centros. Mas por que o consumo de água nesses centros é relevante? A água é o principal elemento que compõe o sistema de resfriamento desses centros, que superaquecem devido ao alto processamento de dados.

A maioria dos aplicativos que usamos no dia a dia estão ligados à Big Techs que utilizam dos diversos centros de dados pelo mundo.

Uma pesquisa conduzida em 2023 pelo Uptime Institute descobriu que apenas 39% dos centros de dados rastreiam seu uso de água, ou seja, o consumo de água não é uma preocupação para as Big Techs - grandes empresas de tecnologia que possuem seus próprios grandes centros de dados. A Sustainalytics, que avalia riscos relacionados com questões ambientais, sociais e de governação (ESG, sigla em inglês de Enviroment, Social and Governance), disse recentemente que analisou 122 empresas que operam centros de dados e descobriu que apenas 16% divulgaram informações sobre os seus planos para gerir riscos relacionados com a água.

Um grande dilema entre as empresas que administram os centros de dados é escolher como vão manter suas torres de processadores refrigerados e para isso existe a possibilidade de consumir menos água e usar mais eletricidade ou podem usar menos energia e consumir mais água. Como podemos imaginar, a escolha se torna fácil para eles, já que a água é um recurso muito mais barato.

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De acordo com o Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, um centro de dados de médio porte consome ao todo cerca de 300 mil galões de água por dia, ou ao equivalente ao consumo de mil residências nos Estados Unidos (EUA). Seu consumo direto no local classifica os centros de dados entre os 10 principais usuários de água nos setores industrial e comercial dos EUA.

Um exemplo desse alto consumo é o futuro centro de dados da empresa Meta, localizado em Talavera de la Reina, na Espanha. De acordo com o projeto, ele deverá gastar 665 milhões de litros por ano. Essa é a quantidade de água que uma cidade com 10 mil habitantes consome em um ano. Nas situações de pico de calor, este servidor precisará de cerca de 195 litros por segundo para resfriar seus componentes eletrônicos.

Cerca de 20% dos centros de dados nos Estados Unidos dependem de bacias hidrográficas que estão sob estresse moderado a alto devido à seca e outros fatores - Arman Shehabi, cientista pesquisador do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley.

No atual momento que vivemos, com os efeitos do aquecimento global se agravando e cada vez mais evidentes, principalmente com o aumento da ocorrência de eventos de secas extremas, começam a surgir conflitos entre os donos dessas empresas de tecnologia e as comunidades que vivem próximas aos seus centros de dados. Países como Chile, Uruguai e parte dos EUA já estão enfrentando este tipo de situação. Em outros locais mais frios, como Irlanda e Holanda, o desenvolvimento de novos centros de dados foi bloqueado devido a essas preocupações com o consumo de energia e água.

Medidas para controlar o consumo de água nos centros de dados

A partir de março deste ano, a Comissão Européia exigirá que as empresas disponibilizem de forma ampla os dados sobre seu consumo de energia e água ao público. No Reino Unido, a concessionária Thames Water está investigando a quantidade de água que os centros de dados estão utilizando na cidade de Londres para avaliar o ajuste no preço para essas empresas com alto consumo de água.

Até 2023, as empresas Amazon Web Services, Google e Microsoft fizeram promessas para melhorar a gestão hídrica e se comprometeram a usar mais água não potável e reciclada e repor mais água do que consomem operacionalmente nos seus centros de dados.

Na Espanha, a empresa Meta afirma que recicla a água utilizada nas suas instalações e que reduziu o nível de umidade controlada nas salas de dados onde utiliza arrefecimento evaporativo direto, reduzindo o consumo de água entre 10% e 65% nessas instalações.