Especialistas alertam: com mais de 11 mil casos confirmados, a febre do Oropouche está se espalhando pelo Brasil

A febre oropouche era uma doença quase exclusiva da Região Amazônica, mas este ano está se espalhando pelo Brasil. Vários outros estados também já registram casos, totalizando mais de 11 mil afetados.

mosquito maruim (Culicoides paraensis)
O inseto Culicoides paraensis, conhecido como mosquito-pólvora ou maruim, é o vetor principal da febre do Oropouche. Crédito: Dive/Divulgação.

O Oropouche é uma doença causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do gênero Orthobunyavirus, e a transmissão é feita principalmente pelo inseto conhecido como Culicoides paraensis (conhecido como mosquito-pólvora ou maruim). O maruim infectado, ao picar uma pessoa pode transmitir o vírus.

Os sintomas da febre do Oropouche são parecidos com os da dengue e chikungunya, e incluem dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia. E existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença: o silvestre e o urbano. No silvestre, bichos-preguiça e primatas não-humanos são os hospedeiros do vírus. Já no ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros. Neste caso, além do maruim, o mosquito Culex quinquefasciatus (popularmente conhecido como pernilongo) comumente encontrado em ambientes urbanos, também pode transmitir o vírus.

Importante: não existe tratamento específico para esta doença. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico.

E a doença que antes era restrita à Amazônia, agora está se espalhando pelo Brasil, com infecções sendo confirmadas em outros 18 estados, além do Distrito Federal. Veja abaixo mais detalhes da atual situação no país.

Situação atual do Oropouche no Brasil

Até o momento da edição deste artigo, neste ano já são 11.853 casos confirmados no país, segundo dados do Ministério da Saúde, com a maioria dos casos (6.322) sendo registrada no Espírito Santo, seguido por Rio de Janeiro (2.498, segundo lugar) e Minas Gerais (1.346).

A expectativa é que o total de casos em 2025 seja superior a quantia registrada em 2024 (que foi 13.856). O número de mortos já é superior: no ano passado, foram 4, e até o momento em 2025, já são 5, e 2 óbitos em investigação.

Além do Distrito Federal, outros 18 estados registraram casos de febre Oropouche este ano, os quais: Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, São Paulo, Amapá, Paraná, Tocantins, Santa Catarina, Bahia, Pará, Rondônia, Alagoas, Pernambuco, Roraima, Piauí e Mato Grosso do Sul.

Segundo Felipe Naveca, chefe do Laboratório de Arbovírus e Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz, estudos genéticos mostram que os casos que se proliferam no Brasil foram originados por uma nova linhagem do vírus que surgiu no Amazonas, circulou pela Região Norte e depois se espalhou para as demais regiões.

Cientistas tentam entender o que levou a doença a se espalhar pelo país, e profissionais da saúde estão analisando possíveis estratégias para controlar a doença em meio a uma população sem nenhuma imunidade prévia.

Os surtos deste ano têm acontecido principalmente em regiões periurbanas, de transição entre ambientes rurais e de mata e áreas habitadas por humanos.

No Espírito Santo, estado recordista de casos neste ano, pesquisadores trabalham para mapear as áreas de maior incidência do mosquito maruim, enquanto a Secretaria de Saúde reforça o treinamento dos profissionais da área. Ainda, inseticidas estão sendo testados para garantir se podem ser utilizados em larga escala no estado.

Algumas informações importantes sobre prevenção

A proteção individual e ambiental é a melhor defesa. As recomendações são:

  • Usar roupas que cubram a pele, principalmente ao entardecer, especialmente em áreas mais vulneráveis;
  • Aplicar repelente nas áreas expostas do corpo;
  • Instalar telas protetoras em janelas e portas;
  • Eliminar criadouros com água parada;
  • Manter o ambiente limpo e sem acúmulo de lixo;

Mantenha o ambiente limpo e proteja-se. Não há tratamento específico para a febre Oropouche. O manejo clínico é sintomático, com foco em controlar febre, dor e desconfortos associados. No caso de confirmação da doença, recomenda-se repouso, hidratação constante e supervisão médica.

Referências da notícia

Antes restrita à Amazônia, febre oropouche se espalha pelo país. 27 de julho, 2025. Tâmara Freire.

Febre do Oropouche: entenda o que é e como se prevenir. 31 de janeiro, 2025. Ministério da Saúde.