Eventos climáticos extremos favoreceram surtos de Oropouche na América Latina, afirma estudo
Segundo um novo estudo publicado no The Lancet, eventos climáticos extremos exacerbaram os casos de febre Oropouche na América Latina em 2024. Veja aqui os detalhes.

A Febre do Oropouche é uma doença infecciosa causada pelo vírus do Oropouche, do gênero Orthobunyavirus. O vírus foi isolado no Brasil pela primeira vez na década de 1960 e, desde então, casos isolados e surtos foram relatados no país, principalmente nos estados da região Amazônica. Segundo dados do Ministério da Saúde, neste ano, até o dia 21 de abril, já são mais de 7 mil casos confirmados no Brasil e uma morte está sob investigação.
Seu vetor principal é o mosquito Culicoides paraenses, também conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas da doença são semelhantes aos da dengue, e por isso, muitas vezes as doenças são confundidas.
E um estudo publicado na revista The Lancet divulgou que os eventos climáticos extremos foram os principais responsáveis pela explosão de casos de febre Oropouche na América Latina no ano passado. Veja mais detalhes abaixo.
A relação entre os eventos extremos e a disseminação da doença
O estudo analisou dados de seis países da América Latina, os quais: Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Peru e o Brasil usando modelagem climática, e mostrou que fatores climáticos são os principais impulsionadores da disseminação do Oropouche, e os casos foram potencialmente exacerbados em 2024 nessas regiões por eventos climáticos extremos.
Segundo os autores, as mudanças nos padrões de temperatura e de chuva foram os principais fatores, contribuindo com 60% para a disseminação da doença. Por isso, eles acreditam que eventos climáticos extremos, como o El Niño, provavelmente tiveram um papel fundamental no surto que iniciou em 2023 e se estendeu até 2024.
Essas mudanças de padrões climáticos favorecem a proliferação do vírus ao aumentar as populações de maruins ou intensificar a replicação viral em mais animais, segundo o estudo.
Sintomas da febre do Oropouche
Os principais sintomas da febre do Oropouche, que duram de 2 a 7 dias, são:
- Febre de início súbito, geralmente com temperatura entre 38 e 39,5°C;
- Dor de cabeça prolongada e intensa;
- Dores musculares e nas articulações;
- Tontura e calafrios;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia;
- Sensibilidade à luz;
- Em alguns casos, meningite (viral) e hemorragias;
E existem dois ciclos de transmissão da febre do Oropouche:

O ciclo silvestre: envolve animais como hospedeiros, que abrigam o vírus dentro do corpo. Os mosquitos do tipo Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus são os vetores, por isso, carregam e transmitem a doença de um ser vivo para outro.
O ciclo urbano: os humanos são os principais hospedeiros, carregando o vírus em seu organismo. E o mosquito Culicoides paraensis é o vetor, o que significa que ele carrega a doença para outras pessoas, que podem se infectar após serem picadas.
Mas observe: a febre do Oropouche não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa; a transmissão ocorre principalmente através da picada do mosquito.
Prevenção e tratamento
Não existe um tratamento específico para a febre do Oropouche. O manejo da doença se concentra principalmente no alívio dos sintomas. E é importante prestar atenção nas medidas preventivas contra a doença, que são:
- Evitar que locais acumulem lixo e água parada;
- Aplicar repelentes nas áreas expostas da pele;
- Manter ambientes limpos e livres de criadouros de mosquitos;
- Instalar telas em portas e janelas para impedir a entrada de mosquitos;
Referências da notícia
Pesquisa mostra influência de eventos climáticos em surto de oropouche. 18 de abril, 2025. Tâmara Freire.
The spatiotemporal ecology of Oropouche virus across Latin America: a multidisciplinary, laboratory-based, modelling study. 14 de abril, 2025. Fischer, et al.
Febre do Oropouche: entenda o que é e como se prevenir. 31 de janeiro, 2025. Ministério da Saúde/Redação.