Alerta: O derretimento de geleiras pode ser ainda mais perigoso do que se pensava!
De acordo com um estudo recente, as geleiras liberam inúmeros poluentes quando derretem, representando um risco significativo aos ecossistemas e aos seres humanos.

Pesquisadores italianos mostraram que as geleiras contêm uma quantidade significativa de poluentes, os quais podem se tornar perigosos para os seres humanos quando elas derretem.
O derretimento do gelo é ainda mais preocupante
Como sabemos agora, o gelo mundial está derretendo inexoravelmente, e a taxa de derretimento parece estar acelerando desde o início do século 21. Segundo alguns estudos, a taxa de derretimento do gelo aumentou 65% em 30 anos, passando de 800 bilhões de toneladas perdidas por ano na década de 1990 para 1,3 trilhão em 2017.
O derretimento das plataformas de gelo e geleiras tem inúmeras consequências ambientais em todo o mundo, incluindo a elevação do nível do mar, a desestabilização dos sistemas alimentares globais e do abastecimento de água potável em algumas regiões, a perda de habitat para a vida selvagem polar e até mesmo a aceleração do aquecimento global por meio de certos gases liberados anteriormente presos no gelo.
The largest glacier in the Alps, Grosser Aletschgletscher, as seen from Belalp | 1856 to 2020 pic.twitter.com/9TIOn5chjx
— Melaine Le Roy (@subfossilguy) October 14, 2020
No entanto, outra consequência desse derretimento foi recentemente destacada por pesquisadores da Universidade de Milão e da Fundação One Ocean. Eles estudaram a evolução de certas geleiras italianas e conseguiram demonstrar que elas estavam liberando quantidades significativas de poluentes nos ecossistemas circundantes, o que poderia ter consequências muito graves.
Geleiras poluídas por humanos
De acordo com o estudo, publicado na revista Archives of Environmental Contamination and Toxicology, as geleiras estudadas retiveram inúmeros poluentes nas últimas décadas — poluentes originalmente liberados na atmosfera pelos humanos. No entanto, quando as geleiras derretem, esses poluentes são liberados de volta para os cursos d'água, plantações, ecossistemas e até mesmo para a nossa atmosfera.
Todos os poluentes identificados nas amostras das dezesseis geleiras analisadas são decorrentes de atividades humanas. Entre eles, estão poluentes orgânicos persistentes (inseticidas, fungicidas e isolantes elétricos), metais pesados (chumbo, cádmio) e substâncias naturais que podem "se tornar problemáticas em altas concentrações".
Algumas geleiras são particularmente preocupantes devido às suas altíssimas concentrações de poluentes. No caso da geleira Ebenferner, localizada na província de Sondrio, na Lombardia, os níveis de metais pesados são particularmente elevados, representando um risco para o vale circundante, mas também para todas as regiões ao longo do Rio Adda, um rio que deságua no famoso Lago Como.
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— RandyR (@Randallr75) September 29, 2015
De acordo com os pesquisadores, analisar poluentes em geleiras é agora essencial porque não só permite uma medição precisa dos níveis de contaminantes, mas também uma melhor compreensão dos mecanismos pelos quais eles são transportados, acumulados e liberados em ecossistemas a jusante.
Este estudo destaca, portanto, um grande problema relacionado ao derretimento do gelo, que tem sido amplamente negligenciado até agora, e pode nos ajudar a encontrar maneiras de nos livrarmos eficazmente de substâncias tóxicas antes que elas poluam o solo de forma irreparável. De fato, embora o derretimento do gelo pareça inexorável hoje em dia, ainda é possível, em certos casos, limitar suas consequências.
Referência da notícia
Glaciers toxiques: une étude révèle la libération massive de polluants conservés depuis des décennies. 25 de setembro, 2025. Lola Breton.