2020 teve o Setembro mais quente da história

De acordo com serviço da União Européia, o calor escaldante registrado em diversas regiões do globo, como Ásia, Oriente Médio, Europa e América fizeram do último mês o Setembro mais quente de todos os tempos.

2020 teve o Setembro mais quente já registrado
Incêndios florestais foram registrados em diversas partes do globo durante o último mês, em decorrência das altas temperaturas ao redor do planeta.

De acordo com o C3S (Copernicus Climate Change Service) da União Européia, Setembro de 2020 foi o mês de Setembro mais quente já registrado na história, com grandes ondas de calor ocorrendo nas Américas, Ásia, Oriente Médio e Europa.

Segundo os dados do programa, todos os meses de 2020 foram classificados ao menos entre os quatro mais quentes da história. Janeiro e Maio quebraram os recordes anteriores, ficando em primeiro lugar. Agora, está confirmado que setembro de 2020 também está em primeiro lugar.

A temperatura média do planeta foi 0,05 ºC mais quente do que o recorde anterior, que já havia sido atingido no ano passado. Os registros vão de acordo com a tendência de aquecimento global alertada nas últimas décadas.

Anomalias de Temperatura dos últimos anos
Gráfico mostra o aumento da anomalia de temperatura ao longo dos anos. (Imagem: Copernicus Climate Change Service)

Na Europa, foi registrado um recorde de calor no meio do mês na França e um clima excepcionalmente quente na região do Mar Negro. No Reino Unido, houve um número recorde de dias ultrapassando 34 °C.

No Oriente Médio, também houve recordes de temperatura máxima na Turquia, Israel e Jordânia. A Austrália registrou seu segundo mês de setembro mais quente da história e um grande número de incêndios florestais.

No Vale da Morte, ao leste da Califórnia, houve um registro histórico de 54,4 ºC, o dia mais quente já registrado na história. O mesmo Estado registrou, entre Agosto e Setembro, o primeiro "gigafire" da era moderna, que significa que os incêndios florestais queimaram mais de um milhão de acres.

Incêndios incontroláveis também foram registrados do outro lado do mundo, na Sibéria. No mês passado, as emissões de gás carbônico proveniente de incêndios no Círculo Polar Ártico aumentaram em mais de um terço em comparação com 2019, e as temperaturas na região continuam muito acima da média.

Esta situação também contribuiu com a redução da extensão de gelo do Mar Ártico, que em setembro foi a segunda mais baixa já registrada. Isso não é totalmente inesperado, visto que a extensão do gelo marinho vem diminuindo há várias décadas, e setembro é o mês que tende a apresentar os menores valores do ano. Ainda assim, é um registro preocupante.

Setembro de 2020 no Brasil

No Brasil, as temperaturas que atingiram os 44 ºC ao longo de vários dias marcaram uma onda de calor histórica que culminou em alertas de risco de morte por hipertermia nesta semana.

Em Setembro, São Paulo registrou a segunda maior temperatura da história, de 37,4 ºC, e o Rio de Janeiro registrou um recorde de 43,6 ºC no sistema Alerta Rio, além de uma sensação térmica de 49 ºC. Água Clara, no Mato Grosso do Sul, registrou um recorde de temperatura de 44,4 ºC no primeiro dia de Outubro.

O país também sofreu com uma quantidade gigantesca de focos de incêndio florestal. No Pantanal, 8106 focos foram registrados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) - quase 3000 focos a mais do que o recorde anterior, estabelecido em Setembro de 2007.

Os cientistas do C3S apontam que há grandes possibilidades de que os recordes registrados em Setembro de 2020 estejam conectados com a tendência de aquecimento global proposta pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), embora algumas das respostas, como a do gelo no ártico, sejam mais complexas e difíceis de se analisar.