Semana de tempo muito seco e temperaturas em elevação no Centro-Sul

Bloqueio atmosférico impede o avanço de sistema frontais sobre o Centro-Sul o que contribui para aumento das temperaturas e agrava à condição de seca no Rio Grande do Sul. Previsão de chuvas somente nas regiões mais ao norte.

Estiagem na Região Sul, seca no Rio Grande do Sul.
A perspectiva de chuvas para o Sul do país continua baixa, o que agrava a condição de estiagem.

A partir de meados da primeira semana de Março, um bloqueio atmosférico passou a atuar no Atlântico Sul, o que resultou em diminuição drástica das chuvas no Centro-Sul do país, principalmente na Região Sudeste, onde elevados acumulados vieram a provocar eventos trágicos no litoral paulista. Já no Sul, em especial para o Rio Grande do Sul, a condição de estiagem foi agravada pelo manutenção do tempo seco e pelo aumento das temperaturas.

Para esta semana, a configuração de bloqueio se mantém, com chuvas ocorrendo somente nas áreas mais ao norte do país. A seguir confira os destaques para a semana, o que está mantendo esse padrão atmosférico e quando se espera o retorno das chuvas expressivas para o Sul do Brasil.

Alertas e destaques para a semana

Nesta próxima semana a presença de uma região de cavado contribui para a manutenção do tempo instável em boa parte do Nordeste e nas áreas mais ao leste da Região Norte. Já à Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é à responsável pelas chuvas na faixa norte que vai de Fortaleza até Belém, onde chove com moderada a forte intensidade ao longo do dia. No estado do Tocantins, uma baixa pressão favorece à condição de tempo chuvoso e há potencial para chuvas torrenciais. Tempo chuvoso, porém com menor intensidade, no leste da Bahia devido à presença de um cavado na costa.

Já no Sudeste, bastante nebulosidade em Minas Gerais, no Espírito Santo e com menor concentração no Rio de Janeiro. Previsão de pancadas isoladas e de curta duração somente no norte e no extremo sul mineiro. No Centro-Oeste, boa parte da Região o tempo firme predomina. Previsão de pancadas que podem ocorrer na forma de pancadas somente no centro-norte de Goiás e do Mato Grosso.

Já no Sul, o tempo seco e quente se mantém em praticamente toda a Região Sul, com sol entre poucas nuvens no norte de Santa Catarina e no leste do Paraná. Destaque para o Rio Grande do Sul, onde os ventos de norte agravam à sensação de abafamento.

Da terça-feira (10) até à sexta-feira (13), não há grande mudanças. O bloqueio atmosférico continua a impedir o avanço dos sistemas frontais pela Região Sul e o enfraquecimento da região de cavado mais ao norte do país contribui para a diminuição da abrangência das chuvas, que passam a ocorrer de forma mais isolada. Em vista disso, as temperaturas aumentam em boa parte do país com sensação de calor mais intensa no Centro-Oeste, oeste da Região Sul e no Rio Grande do Sul.

Fatores que contribuem para a seca na Região Sul

Quando a estação chuvosa se estabelece no Brasil, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, é comum observar uma redução dos volumes no meio-oeste de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. No entanto, essa redução historicamente não configura em deficiência hídrica, uma vez que os sistemas precipitantes continuam a atuar, porém com menor persistência como ocorre durante o inverno.

No entanto, isso se trata de uma condição média histórica de 30 anos, que de um ano para o outro pode ser diferente. Neste verão, dois fatores estão sendo os principais contribuintes para a concentração das chuvas no Centro-Norte e leste do país e para a estiagem que vem atingindo principalmente o estado do Rio Grande do Sul: a Oscilação Antártica (AAO) e a temperatura da superfície do Atlântico Sul (SST).

Quando a SST está mais fria na metade sul do Atlântico Sul os sistemas frontais tendem a se deslocar de forma mais rápida provocando mais nebulosidade do que chuva. Já em águas mais quentes passam a atuar por mais tempo. Assim, a SST é responsável pela “qualidade” da chuva.

Já a AAO está relacionada com a frequência dos sistemas frontais. Quando há tendência negativa ou se mantém com índice negativo ou, até mesmo, oscilando em torno da neutralidade, se espera uma maior frequência da formação de ciclones e da passagem de frente frias. Já sob uma condição de tendência e manutenção positivas, o cinturão de baixas pressões passam a atuar mais próximo da Antártica e, consequentemente, há a redução da frequência dos sistemas frontais no Centro-Sul do Brasil. Essa condição também favorece a formação de bloqueios atmosféricos.

Quando retornam as chuvas para a Região Sul?

As condições oceânicas não tendem a mudar muito nas próximas semanas. Mesmo que haja o avanço de uma frente fria, este passa de forma rápida e se mantém mais atuante na altura do Espírito Santo e do sul da Bahia. Condição esta que está prevista no próximo fim de semana e na transição para o mês de Abril. Assim, o retorno das chuvas persistentes e frequentes está previsto somente para a partir de Maio.