Qual será o padrão climático de abril?

O mês que representa o início da estação seca já está entre nós. O que esperar das próximas semanas? Será que as chuvas vão se prolongar, há possibilidade de ondas de frio já por agora? Saiba aqui.

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Em abril se dá o início da estação seca, com chuvas passando a se concentrar mais nos extremos do país. O frio passa a ser mais frequente na Região Sul.

O mês de Abril representa o início da estação seca, uma vez que os volumes de precipitação diminuem bastante no Centro-Leste do país, com chuvas ocorrendo de forma mais irregular. Através do mapa da climatologia de precipitação é possível notar que os maiores acumulados passam a se concentrar nos extremos do país. No entanto, isso não descarta a ocorrência de eventos de chuva mais expressiva no Brasil Central.

Quanto à temperatura, se inicia uma tendência de diminuição, com a incursão das primeira massas de ar frio mais intensas e de origem polar, o que já podem proporcionar geadas mais amplas e até mesmo a ocorrência de neve.

Mas será que em abril deste ano as chuvas vão se prolongar? Há potencial para a primeira onda de frio? Para responder isso, como de habitual, devemos olhar os principais fatores climáticos que influenciam na escala de tempo dentro de 30 dias, como as oscilações Antártica (AAO), ou também conhecida como Modo Anular Sul (SAM) e de Madden-Julian (MJO).

As oscilações Antártica e de Madden-Julian

Na escala de tempo semanal e mensal, as oscilações MJO e AAO são as que possuem maior influência nos padrões de distribuição de precipitação na América do Sul, sendo a MJO mais influente na porção Centro-Norte e a AAO no Centro-Sul.

Saiba mais sobre a Madden-Julian: O que é a Oscilação de Madden-Julian?

Nos próximos dias, a AAO atuará próxima da neutralidade com uma leve tendência negativa, o que mantém a frequência de sistema frontais passando pelo Centro-Sul e favorecendo até a incursão de uma massa de ar mais intensa, como ocorreu na última semana de março.

Para a segunda quinzena, a oscilação passa a atuar com índice positivo, o que para esta época do ano, proporciona uma condição mais seca no Centro-Sul e pode contribuir para maior umidade no Nordeste, principalmente na porção mais leste.

Saiba mais sobre a Oscilação Antártica: O que é a Oscilação Antártica?

Em relação à MJO, a oscilação atua até a terceira semana do mês nas fases 6 e 7, que neste período são mais neutras, sendo a 6 com ligeiro viés desfavorável à chuvas e a 7 um pouco mais favorável. A combinação com a AAO pode proporcionar uma segunda quinzena mais úmida para o Nordeste.

A distribuição semanal de precipitação e temperatura

Depois de analisar os principais fatores influentes do padrão climático para o mês de abril no item anterior, é possível fazer o devido julgamento da distribuição da precipitação e da temperatura do modelo ECMWF.

Nas projeções para o mês de abril pode se observar uma maior irregularidade das chuvas no Brasil Central, mesmo com a passagem de sistema frontais, que devem atuar de forma mais costeira.

Os mapas a seguir mostram a previsão das anomalias de precipitação para as próximas quatro semanas. Para esta semana, as chuvas continuam irregulares pelo país, com tempo seco predominando no Centro-Sul e chuvas mais significativas somente no extremo norte do país, com manutenção de um condição mais úmida em parte do leste nordestino.

Já para a segunda semana, há a resposta da neutralidade e da leve tendência negativa da AAO, o que proporciona um aumento das chuvas no Centro-Sul, porém com maiores volumes sendo mais prováveis na porção leste das regiões Sul e Sudeste.

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Anomalias semanais de precipitação segundo o modelo ECMWF. Mapas superioires referentes às primeira e segunda semana, respectivamente. Mapas da parte inferior se referem às semanas 3 e 4.

Na segunda quinzena, se observa outro padrão na distribuição da precipitação, com chuvas ocorrendo mais no Centro-Norte, com destaque para o Nordeste, onde, principalmente durante a terceira semana, há a influência do índice positivo da AAO e da fase 7 da MJO que proporcionam o aumento da umidade na Região.

Em relação às temperaturas, ainda se observa a influência da massa de ar frio desde o leste da Região Sul até o leste da Bahia, com a atuação de ventos de leste que acabam por transportar umidade e o ar mais frio.

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Anomalias semanais de temperatura segundo o modelo ECMWF. Mapas superioires referentes às primeira e segunda semana, respectivamente. Mapas da parte inferior se referem às semanas 3 e 4.

Na segunda semana, com o aumento das chuvas na Região Sul provoca, muito provavelmente por uma frente fria, a chuva somada à incursão de uma massa de ar frio, resulta em uma condição mais fria. Já para o Centro-Norte, há o aumento das temperaturas devido à condição pré-frontal.

Para as duas últimas semanas, não há perspectiva de extremos de temperaturas, somente uma condição mais quente no Brasil Central, devido ao tempo mais firme. Anomalias negativas ocorrem mais na faixa leste do país, evidenciando uma maior atuação da circulação de leste e mostrando que as massas de ar frio ainda vão atuar de forma mais oceânica. Assim, para o mês de abril, não há expectativas para a ocorrência de ondas de frio, condição esta estabelecida pela AAO mais positiva.