O que esperar para a segunda quinzena de março?

Março representa o último mês da estação chuvosa. No entanto, há em que as chuvas não se estendem muito. Nos últimos dias vivenciamos uma mudança de padrão. Será que irá se manter na próxima quinzena? Quais fatores estão influenciando?

clima; março; verão
Chuvas de março continuam, mas com redução da abrangência.

Na primeira quinzena de março o padrão climático foi distinto para o Centro-Leste e Sul do país, com chuvas mais volumosas e abrangentes ocorrendo durante a primeira semana do mês e redução desse potencial na semana seguinte. Já na Região Norte, as chuvas ocorreram de forma mais consistente, proporcionando um acúmulo maior ao longo destes primeiros 15 dias. Assim, analisando o padrão de distribuição da precipitação até o momento, podemos dizer que o comportamento das chuvas está muito próximo da climatologia.

clima; chuvas; março; inmet
Anomalia e precipitação acumulada até o dia 14/03, segundo as estações do INMET.

Será que este padrão climático irá se manter ao longo da próxima quinzena? Antes de tudo, é preciso analisar os principais fatores climáticos que influenciam as duas próximas semanas: as oscilações de Madden-Julian (MJO) e Antártica (AAO).

Fatores climáticos: Madden-Julian (MJO) e Oscilação Antártica (AAO)

Na escala de tempo semanal e mensal, as oscilações MJO e AAO são as que possuem maior influência nos padrões de distribuição de precipitação na América do Sul, sendo a MJO mais influente na porção Centro-Norte e a AAO no Centro-Sul.

Para os próximos dias, há uma tendência negativa da AAO, com proximidade da neutralidade. Nesta época do ano, esse comportamento proporciona uma manutenção da frequência de sistemas passando pelo Centro-Sul, porém sem muita amplitude, resultando em um aumento das chuvas para a Região Sul e, consequentemente, redução das temperaturas devido à incursão de massas de ar frio. Para o Centro-Oeste, as chuvas também ocorrem, porém na porção mais central e oeste da Região. Já para o Sudeste, a maior probabilidade de chuva fica para o estado de São Paulo, com redução desse potencial ao se caminhar para o norte da Região.

Em relação a MJO, a oscilação tende a figurar em neutralidade nas próximas semanas, não proporcionando um estímulo para a ocorrência de chuvas expressivas no Centro-Norte do país, principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste, onde se espera uma redução das chuvas neste período de transição. Já na Região Norte, sem um fator inibidor, as chuvas devem continuar diariamente, porém, de forma mais irregular do que foi observado durante a primeira quinzena.

Anomalia de precipitação para os próximos 15 dias

O modelo europeu ECMWF mostra uma distribuição das anomalias de precipitação coerente ao que se espera da influência dos fatores climáticos apresentados acima.

Para a terceira semana de março, há o indicativo de chuvas mais concentradas no Centro-Sul, com maior probabilidade para acumulados elevados no estado do Mato Grosso do Sul. Já para o restante do país, há a representação de um padrão mais seco e irregular, que o modelo pode estar exagerando para a porção Amazônica.

Para a última semana do mês, tanto as anomalias positivas quando as negativas ficam mais suavizadas, o que corrobora com a possibilidade do avanço de um sistema frontal e da organização da umidade no Brasil Central, porém, com baixa chance para chuvas volumosas e persistentes. Essa condição corresponde à tendência negativa da AAO e à neutralidade da MJO.