Com El Niño mais forte, Brasil deverá enfrentar novos episódios de ondas de calor no verão

O verão brasileiro se iniciará no mesmo momento em que o fenômeno El Niño atingirá seu pico máximo de intensidade. Dessa forma, há uma grande probabilidade do Brasil sofrer com novas ondas de calor na nova estação.

Onda de calor Brasil
O verão brasileiro poderá ser mais quente que o normal devido a intensificação do El Niño.

O ano de 2023 promete ser um dos mais quentes do planeta e também do Brasil! De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde o início de 2023 até agora, o país já registrou 8 eventos de onda de calor e ainda há a possibilidade de novas ocorrências ainda neste ano!

A última onda de calor que ocorreu neste mês foi uma das mais intensas e sufocantes. Diversos recordes foram batidos, como o da maior temperatura já registrada no Brasil, que foi de 44.8°C na cidade de Araçuaí, Minas Gerais, no último dia 19 de novembro. Essa temperatura supera o antigo recorde de 44.7°C registrado no dia 21 de novembro de 2005 na cidade de Bom Jesus, Piauí. Além das temperaturas, também tivemos valores absurdos de sensação térmica, que chegou a quase 60°C na cidade do Rio de Janeiro.

A formação da fase positiva do El Nino-Oscilação Sul (ENOS), o El Niño, em meados deste ano impulsionou a ocorrência e intensidade dessas ondas de calor no país, além do favorecimento desses eventos por parte da fase positiva do Dipolo do Oceano Índico (DOI). Porém, é importante ressaltar que algumas dessas ondas de calor ocorreram antes do surgimento do El Niño e da fase positiva do DOI, no primeiro semestre de 2023, então esses dois fenômenos não são os únicos responsáveis pelo calor.

Atualmente, o El Niño segue se intensificando ainda mais, chegando a anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) próximas a 2ºC, o que já o classifica como um El Niño de categoria forte. Com o El Niño nessa intensidade, esperamos que seus efeitos sejam intensificados nos próximos meses, ou seja, no nosso verão!

Brasil deverá registrar novas ondas de calor no verão

Apesar do calor já estar se fazendo presente nos últimos meses, o verão ainda não começou no Brasil. A estação, que meteorologicamente se inicia no começo dezembro, onde já costuma registrar temperaturas altas no país, promete ainda mais calor à medida que o El Niño atinge seu ápice de intensidade.

A combinação do El Niño forte e a continuação da fase positiva do Dipolo do Oceano Índico, aumenta a probabilidade de ocorrência de uma nova onda de calor no Brasil em dezembro!

As previsões apontam apontam que o El Niño está chegando em seu pico de intensidade máxima, que será de 2°C de acordo com a média dos modelos dinâmicos analisados pelo International Research Institute for Climate and Society (IRI), e permanecerá nessa intensidade forte durante os meses de verão e início do outono de 2024, perdendo intensidade a partir de março e abril do ano que vem. Alguns modelos ainda indicam a probabilidade de um Super El Niño, com anomalias de TSM acima dos 2ºC.

Pluma de previsões de modelos dinâmicos e estatísticos em relação a intensidade e duração do El Niño-Oscilação Sul (ENOS). Fonte: IRI.

Diante dessas previsões, esperamos que os impactos do El Niño sejam ainda mais intensos durante o verão, e um desses impactos será na intensificação do calor sobre o Brasil! As previsões climáticas do ECMWF, indicam uma tendência de temperaturas acima da média em todo o Brasil no meses de verão (dezembro de 2023, janeiro e fevereiro de 2024) e início do outono de 2024 (março de 2024), principalmente na porção centro-norte do país.

Previsões de anomalia de temperatura para os meses de dezembro de 2023 a março de 2024 pelo modelo ECMWF.

Mas será no mês de dezembro de 2023 que a probabilidade de ocorrência de uma nova onda de calor será maior, já que o modelo coloca as maiores anomalias de temperatura nesse mês, podendo ficar entre 1.5º e 3ºC na porção centro-leste do país. Esse calor intensificado em dezembro pode estar associado ao pico de intensidade máxima do El Niño e também a continuação da fase positiva do Dipolo do Oceano Índico, que alcançou seu pico de intensidade máxima entre outubro e novembro, mas deverá continuar intensa em dezembro.