Chuva em dezembro agita o setor agrícola no Brasil. Centro-Oeste pode ser beneficiado com volumes elevados!

As chuvas irregulares e as altas temperaturas dos últimos meses foram motivo de atrasos e prejuízos na agricultura brasileira. O cenário pode ser melhor em dezembro, veja quais regiões serão beneficiadas.

chuvas no Brasil
Volume de chuva por chegar em quase 100 milímetros em Mato Grosso do Sul até meados da próxima semana devido avanço de frente fria.

O fenômeno El Niño segue com forte intensidade e mantendo a irregularidade das precipitações em diversas áreas produtoras brasileiras. No Centro-Oeste houve atrasos na semeadura da soja, o que certamente vai gerar um efeito manada também no milho safrinha e no algodão, pois a janela considerada ideal vai ficando mais apertada.

O plantio tem evoluído em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás em meio as paralisações, mas as perdas continuam sendo consolidadas, pois a falta de chuva no começo do ciclo da oleaginosa já foi suficiente para reduzir o potencial produtivo da safra verão 23/24.

Produtores em Mato Grosso relatam que a soja cresceu, se desenvolveu e floresceu, porém, não vai formar o grão devido a falta de chuva para o processo de enchimento.

Segundo o produtor rural Sadi Beledelli, essa seca extrema não acontece há 40 anos. O agricultor relata a tristeza e o prejuízo ao observar um talhão de 700 hectares de soja plantada há 70 dias em Sorriso. Sem registro de chuva significativa há cerca de 1 mês, as plantas perderam quase todas as folhas.

As perdas e prejuízos na safra de soja

De 700 hectares de soja plantada, pelo menos 200 hectares do talhão vão registrar perda total por conta da estiagem, e de modo geral, as plantas que ainda estão resistindo e não perderam as folhas completamente, a esperança é que o produtor consiga colher cerca de 5 a 10 sacas por hectare.

soja
No Mato Grosso, calor extremo resulta em perdas na produtividade para soja e produtores precisam replantar lavouras com milho - Foto: Aprosoja MT

Com clima tão irregular devido ao fenômeno El Niño, a safra atual sofre o plantio mais lento para esta época do ano desde a safra 2015/16, anos que inclusive foram duramente impactos por um super El Niño. Isso não depende apenas dos atrasos no Brasil Central e no MATOPIBA por conta de falta de chuva, mas também tem o excesso de umidade no Sul do Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul.

Em seu último relatório, a CONAB atualizou o levantamento da safra que está atrasada em toda a região Centro-Oeste. Além dos atrasos no plantio, têm as perdas.

Mato Grosso chegou a 96,3% nesta última semana de novembro, frente a 91,1% da semana anterior, ou seja, avançou muito pouco, e está atrás também da safra passada que tinha nessa mesma época cerca de 99,1% da área semeada. Goiás também está atrasado com o plantio da soja com uma área semeada de 71%, mas no mesmo período do ano passada, a safra verão 22/23 já tinha 85% da área semeada no estado goiano. Em Mato Grosso do Sul, o plantio apresenta 6% de atraso com relação à safra anterior.

Apesar da porcentagem "alta" de área semeada na safra atual, os prejuízos são milionários devido as perdas já consolidadas, as plantas que já morreram, as plantas que agora não vão oferecer o grão com enchimento ideal, além das áreas que passaram pelo replantio.

Chuva em dezembro será fundamental para o desenvolvimento da soja

Com boa parte da área já semeada no Centro-Oeste, a soja pode receber chuva já nesses primeiros dias de dezembro, com possibilidade de uma maior frequência e intensidade das precipitações a partir de segunda-feira (04) devido a avanço de uma frente fria pelo centro-sul que vai receber o suporte de uma área de baixa pressão atmosférica no interior do continente.

Com o avanço do sistema frontal, a chuva tende a ser mais abrangente em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, e inclusive são esperados episódios de chuva volumosa e forte que podem até atrapalhar um pouco as atividades de campo devido ao risco de temporais com ventos, raios e granizo, por outro lado, o volume de chuva mais elevado será fundamental para o término do plantio e especialmente o desenvolvimento das plantas.

Com tendência de reposição da água no solo na semana que vem, o produtor espera um melhor enchimento dos grãos. Aliás, o calor também dará uma trégua na região central do país devido a maior presença de nuvens e chuva. Esse fator também é considerado importante, pois o calor extremo provoca estresse térmico nas plantas e potencializa a redução mais expressiva e mais rápida da água no solo.

Até meados da próxima semana, o volume total de precipitação pode chegar a casa dos 60 milímetros em várias partes do Centro-Oeste, com destaque para o sul e oeste de Mato Grosso do Sul em que o volume pode ser ainda maior devido a maior proximidade com o centro de baixa pressão atmosférica no interior do continente, entre a Argentina e o Paraguai.

O produtor rural precisa ficar atento a essa janela de chuvas mais abrangentes e volumosas, algo que inclusive tende a ser mais recorrente ao longo do mês de dezembro. A tendência é de um mês diferente dos últimos mesmo com a persistência do El Niño mantendo as chuvas abaixo da média na região. A anomalia ainda será negativa, mas a tendência é de volumes mais elevados em dezembro, o que não significa que a safra está a salvo, pois as chuvas ainda serão insuficientes a essa altura do campeonato.