Centro-Sul sob alerta: chuvas voltam a ganhar intensidade na reta final de outubro. E a onda de calor, continua?

As chuvas irregulares e o calor intenso estão dominando o centro-sul do país, mas a reta final de outubro pode ser marcada por uma mudança de padrão. Saiba quais áreas serão afetadas e a partir de quando os alertas começam.

Os últimos dias têm sido marcados pela irregularidade das precipitações no centro-sul do país e também por uma nova onda de calor gerando temperaturas acima dos 40°C especialmente no Centro-Oeste. Estamos em outubro, um mês que geralmente mostra características bem marcantes da primavera, como os dias úmidos, abafados e muito quentes também. No entanto, com a atuação do fenômeno El Niño, esse cenário tem sido um pouco diferente em várias localidades do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Primeiro a gente fala do calor intenso. A região central do país vem sendo atingida por uma forte onda de calor nesta semana. Na tarde desta quinta-feira (19) os termômetros chegaram aos 43,7°C em Aragarças, no estado de Goiás, segundo estações do Instituto Nacional de Meteorologia. Foi a maior temperatura registrada em todo o país.

Aragarças é a cidade goiana mais quente em todo o Brasil neste ano de 2023. Até o momento, a maior temperatura registrada pelo INMET foi de 43,7°C nesta quinta-feira, 19 de outubro. O recorde anterior também era da cidade com 43,6°C na última sexta-feira (13), valor que superou os 43,5°C de setembro na cidade mineira de São Romão.

O Centro-Oeste como um todo vem sendo bastante afetado pelas altas temperaturas nesses últimos dias, em Porto Murtinho, no estado de Mato Grosso do Sul, a temperatura atingiu os 43,4°C na terça-feira (17). Das capitais, a mais quente tem sido Cuiabá que registrou 42,5°C por dois dias consecutivos.

O calor tem sido generalizado, o que tem gerado também baixíssimos índices de umidade relativa do ar (UR) no Brasil Central. Aliás, são muitas cidades em situação de emergência quanto à saúde humana e animal. Essa baixa umidade está diretamente relacionada ao calor extremo e a falta de chuva. Na tarde desta quinta-feira (19), cidades como Rondonópolis, Primavera do Leste, Cuiabá, Aragarças, Paranatinga, Sinop, Gaúcha do Norte, e Serra Nova Dourada, registraram UR entre 13 e 14%.

Até quando vai a onda de calor?

De modo geral, o calor ainda vai persistir nos próximos dias em praticamente todo o Brasil, o que vai mudar é a intensidade e a localização da onda de calor. Falando de centro-sul, os próximos dias ainda serão extremamente quentes, especialmente até por volta da terça-feira (24) com máximas que ainda podem variar entre 40 e 44°C no Centro-Oeste. Muitas cidades no Sudeste também ficam sob alerta para extremos de calor, especialmente as localizadas no oeste e norte de São Paulo, no Triângulo Mineiro e também no noroeste de Minas Gerais.

calor intenso
Onda de calor mantém temperaturas acima dos 42°C no Centro-Oeste nesta sexta-feira (20).

O que deve chamar a atenção nessa reta final de outubro é o deslocamento da onda de calor a partir de meados da semana que vem, onde a tendência é de maior concentração das temperaturas acima dos 40°C no Norte e Nordeste. Porém, isso não significa que a temperatura vai despencar no Brasil central, será apenas uma pequena trégua e alívio do calor que pode ser até mortal.

Mas afinal, qual o motivo do deslocamento dessa massa de ar quente do Centro-Oeste para a metade norte brasileira? Outra pergunta: será que tem outra onda de calor vindo por aí? É o que vamos conferir logo abaixo. Para entendermos melhor o comportamento das temperaturas, é preciso ficar de olho em outras variáveis do tempo como a presença de nuvens, a condição de chuva e até mesmo a mudança na direção dos ventos após a passagem de algum sistema frontal.

Mudança de padrão à vista

No parágrafo anterior falamos sobre uma possível mudança no comportamento das temperaturas a partir de meados da semana que vem devido ao deslocamento da onda de calor. Isso tem relação direta com o padrão de chuvas esperado também para as próximas semanas. Nesses próximos dias, a chuva continuará irregular no centro-sul do país, em que são esperadas pancadas rápidas, mal distribuídas e até mesmo sem alto volume, mas que podem ser registradas no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste de forma muito pontual.

Nesses próximos cinco dias, a previsão é de chuvas mais concentradas sobre o estado de Minas Gerais, mas com volumes que não devem passar dos 25 milímetros. Outro destaque é que a chuva volta a se espalhar pelo Rio Grande do Sul a partir deste domingo (22) devido à aproximação de uma nova frente fria que pode gerar acumulados em torno de 60 milímetros.

Como em praticamente todo o Centro-Oeste, o tempo mais seco, ensolarado e sem presença de nuvens vai predominar por enquanto, é a condição perfeita para a elevação das temperaturas, que disparam no período da tarde, chegando assim a casa dos 40°C facilmente. Aliás, isso também tem influência da pré-frontal.

O que vai acontecer é o avanço dessa frente fria pelo centro-sul do Brasil no decorrer da semana que vem, ou seja, aumenta o potencial de chuvas mais espalhadas até mesmo sobre o Centro-Oeste, e com isso, o calorão tende a diminuir. Vale ressaltar, no entanto, que essa frente fria não será o único sistema a provocar chuvas e mudanças no padrão do centro-sul nesta reta final do mês de outubro. Outro sistema frontal deve se formar nos últimos dias do mês, inclusive, associado a um novo ciclone com capacidade de gerar extremos de precipitação novamente na região Sul.

Entre os dias 27 e 28 de outubro, são esperados volumes entre 50 e 130 milímetros entre o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o que aumenta de novos os riscos para inundações e erosão do solo em cidades que já foram muito afetadas recentemente. Outro ponto em destaque é que antes do mês de outubro acabar, esse ciclone e essa frente fria, também podem provocar eventos extremos de chuva e temporais no Sudeste e no Centro-Oeste.