Pesquisadores revelam nova espécie na cana; SC monitora enfezamentos no milho
Pesquisadores identificaram Mahanarva diakantha como nova cigarrinha-da-cana, exigindo revisão de manejo nos canaviais. Em paralelo, Santa Catarina monitora focos de cigarrinha-do-milho e enfezamentos, reforçando ações preventivas entre a emergência e o V8.

Uma descoberta taxonômica sacudiu o manejo de pragas na cana-de-açúcar: pesquisadores identificaram Mahanarva diakantha como nova espécie de cigarrinha-da-cana, distinta da já conhecida M. fimbriolata. O achado, anunciado nesta semana, indica que amostras coletadas desde 1961 eram frequentemente confundidas, o que pode ter enviesado resultados de pesquisas e recomendações de controle.
No milho, o recado também é de atenção: o Programa Monitora Milho/SC mantém o acompanhamento semanal de cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) e dos patógenos do complexo dos enfezamentos. Em outubro, os boletins apontaram quadro geral sob controle no estado, mas com focos regionais de risco, especialmente quando a praga carrega fitoplasma (enfezamento-vermelho) e espiroplasma (enfezamento-pálido). Em outras palavras: é hora de vigiar em dobro.
A nova “cara” da praga na cana
A descrição de Mahanarva diakantha foi publicada no Bulletin of Entomological Research e divulgada ao público por universidades e veículos técnicos. O estudo mostra que M. diakantha, M. fimbriolata e M. spectabilis convivem no Sul e Sudeste, são quase idênticas a olho nu e demandam dissecação do macho e/ou ferramentas moleculares para identificação segura.
Ao reexaminar coleções biológicas, os autores encontraram indivíduos de M. diakantha coletados há décadas e rotulados como outra espécie. Repercussões práticas: reavaliar estudos de tolerância varietal e de controle biológico/químico que, sem confirmação taxonômica, talvez tenham misturado espécies.

Em canaviais com histórico de dano por cigarrinha, vale discutir com a assistência técnica a confirmação laboratorial antes de ajustes finos no manejo.
Sinais no campo e manejo rápido (cana e milho)
Em cana e milho, pequenas diferenças no campo mudam muito o manejo, sobretudo quando há espécies crípticas de cigarrinha ou presença de patógenos dos enfezamentos. A ideia abaixo é oferecer um roteiro rápido, aplicável na fazenda, para identificar sintomas, monitorar corretamente e intervir no momento certo com o pacote de MIP.
- Diagnóstico: em cana, danos de ninfas (“espumas”) na base das touceiras e queda de produtividade; em milho, planta miúda, amarelecida/avermelhada e espigas mal formadas (sintomas de enfezamentos).
- Monitoramento: use armadilhas/inspeções semanais; em SC, consulte os boletins do Monitora Milho/SC para calibrar decisão por região.
- Janela crítica: no milho, proteger do VE ao V8 reduz a chance de infecção precoce; eliminar milho voluntáriocorta a “ponte verde” da praga.
- Controle integrado: rotação e escalonamento, cultivares e semente de procedência, manejo de reboleiras, e, quando indicado, controle químico sob recomendação técnica. (Em cana, considere que espécies crípticas podem responder diferente.)
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Em Santa Catarina, a média estadual recente de cigarrinha-do-milho segue baixa, reflexo de manejo antecipado; ainda assim, bolsões de infectividade têm sido detectados sazonalmente no Oeste/Planalto Norte. O produtor deve manter monitoramento local e alinhar a proteção da lavoura nas fases iniciais, quando a transmissão dos patógenos mais derruba a produtividade.
Na cana-de-açúcar, a novidade taxonômica pede um ajuste de rumo: ao observar dano persistente de cigarrinha, requisição de identificação especializada (morfologia/molecular) reduz o risco de “atirar na espécie errada”.
A literatura recente indica que M. diakantha passou anos “invisível” sob o rótulo de M. fimbriolata, reclassificação que pode mudar a escolha de táticas e o calendário de intervenções.
Referência da notícia
Shades of red: several lines of evidence reveal a pest of sugarcane as new species of Mahanarva(Hemiptera: Auchenorrhyncha: Cercopidae). 6 de outubro, 2025. Paladini, A., et. al.