Jambu amazônico: de ingrediente tradicional a aposta da indústria farmacêutica

O jambu é uma erva amazônica muito usada na culinária da Região Norte do Brasil, mas que vem ganhando destaque também na indústria farmacêutica devido às suas propriedades anti-inflamatórias e anestésicas.

jambu
O jambu (Acmella oleracea) é uma erva amazônica que vem ganhando destaque nas indústrias farmacêutica e cosmética. Crédito: Wikimedia Commons.

O jambu (Acmella oleracea) é uma erva típica da região amazônica do Brasil, conhecida também como jambu-açu, jamburana, mastruço-do-pará, entre outros. Além de ser um ingrediente versátil e apreciado na culinária, a planta também vem sendo testada por indústrias farmacêuticas e de cosméticos para o desenvolvimento de novos produtos.

O jambu é tradicionalmente utilizado no preparo de remédios caseiros, como chás e infusões para o tratamento de infecções de boca e garganta.

Isso porque as folhas do jambu possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, além de ter efeito anestésico e analgésico.

O potencial do jambu na indústria farmacêutica

O jambu contém um composto bioativo chamado espilantol, que causa a sensação de dormência na boca quando consumido, aliviando dores na garganta e nos dentes. E é justamente esse seu poder "dormente" que tem despertado o interesse de indústrias farmacêuticas e de cosméticos.

Novos estudos têm sido feitos para transformar o jambu em um ingrediente-chave para a bioeconomia brasileira, criando novos produtos potenciais farmacêuticos e cosméticos.

O jambu é um produto versátil, com aplicação em diferentes indústrias. Na culinária, é consumido em sopas, cozidos, saladas e até em saladas cruas.

Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) desenvolveram novos produtos com o jumbo, como uma espécie de condimento com sabor e aroma característicos, que traz sensações diferenciadas aos alimentos. Outro produto desenvolvido pela equipe é um creme facial antienvelhecimento, que ajuda no relaxamento facial e atenua as linhas expressões.

Outros produtos incluem ainda: um gel lubrificante íntimo, livre de toxicidade e com ação estimulante sexual; um filme de desintegração rápida para aliviar quadros de boca seca em pessoas em tratamento de câncer; e um enxaguante bucal sem álcool.

óleo de jambu
Frasco com óleo de jambu, uma das principais fontes para a produção de produtos derivados da planta. Crédito: P. S. Sena/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0).

Além disso, outros estudos também exploram as propriedades antiarrítmicas do jambu, isto é, o potencial de suas substâncias para corrigir anormalidades na frequência cardíaca humana, comprovando que o espilantol previne sintomas de arritmia cardíaca.

E apesar dos benefícios do jambu virem de conhecimentos ancestrais de comunidades amazônicas indígenas, a ciência já tem comprovado alguns deles. Pesquisas já mostraram que o espilantol proporciona alívio temporário da dor, melhora a circulação e reduz inflamações.

E um ponto positivo do uso do jambu é o seu cultivo sustentável. Diferentemente do que se vê em indústrias que exigem a derrubada de florestas, o jambu cresce em hortas domésticas e pequenas áreas de plantio, com um cultivo que depende, em grande parte, de técnicas agrícolas tradicionais.

E a ciência busca apoiar as comunidades locais promovendo o uso sustentável do jambu entre pequenos agricultores, a fim de gerar empregos e novas fontes de renda.

Referências da notícia

Tradição e pesquisa impulsionam potencial bioeconômico do jambu na Amazônia. 06 de setembro, 2025. Sarah Brown/Mongabay.

Propriedades do jambu ganham destaque nas indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia. 10 de maio, 2024. Giovanna Abreu.