Paciente com diabetes produz sua própria insulina após transplante de células geneticamente modificadas
Um homem se tornou a primeira pessoa a produzir sua própria insulina após receber transplantes de células geneticamente modificadas, sem precisar de medicamentos imunossupressores.

A diabetes é uma doença crônica causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina no corpo, resultando em níveis elevados de glicose no sangue. Existem dois tipos: o Diabetes Melito tipo 1, que é não transmissível, hereditária e caracterizada pela destruição das células do pâncreas; e o Diabetes tipo 2 que ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida, e isso ocorre devido a fatores como: sedentarismo, sobrepeso, hipertensão, entre outros.
E um novo estudo de caso publicado na revista New England Journal of Medicine aponta um novo caminho para a cura do diabetes sem a necessidade de medicamentos imunossupressores: um homem com diabetes tipo 1 tornou-se o primeiro paciente a produzir sua própria insulina após receber transplantes de células geneticamente modificadas.
Vale destacar que esse tipo de diabetes pode ser controlado com doses regulares de insulina sintética, mas não há cura.
Transplante para diabetes
Cientistas da Suécia e dos Estados Unidos transplantaram células especializadas do pâncreas, chamadas células das ilhotas pancreáticas, que são as responsáveis pela produção de insulina em um homem.
Estas células foram transplantadas para o paciente a partir de um doador, e elas foram geneticamente modificadas usando a tecnologia CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) para suprimir a rejeição pelo sistema imunológico do receptor. Elas foram injetadas no antebraço do paciente.
Esta é a primeira vez que o tratamento usando a tecnologia CRISPR foi testado em um ser humano.
Com essa tecnologia, os cientistas fizeram três alterações no código genético das células transplantadas, para que elas tivessem menor probabilidade de apresentar uma resposta imunológica. Cerca de três meses após receber as células geneticamente modificadas, o paciente continuou produzindo insulina sem uma resposta imunológica; isso sem estar recebendo durante o período medicamentos imunossupressores.
Duas das alterações reduziram os níveis de proteínas nas células que sinalizam aos nossos glóbulos brancos se uma célula é estranha ou não. A terceira alteração aumentou a produção de uma proteína que desencoraja o ataque de outras células imunológicas, chamada CD47.

E o mais impressionante após esse período: o corpo do paciente não alterou as células modificadas e as células sobreviventes produziram insulina normalmente.
Os pesquisadores acreditam que esse procedimento marca um potencial avanço no tratamento da diabetes tipo 1. Contudo, o próximo passo é fazer estudos de acompanhamento com o paciente para descobrir se as células modificadas podem sobreviver a longo prazo, o que facilitaria o tratamento da doença e, potencialmente, levaria à cura do diabetes.
Referências da notícia
Diabetic man produces his own insulin after gene-edited cell transplant. 13 de agosto, 2025. Lydia Smith.
Survival of Transplanted Allogeneic Beta Cells with No Immunosuppression. 04 de agosto, 2025. Carlsson, et al.