O telescópio Hubble detectou um planeta jovem com "soluços cósmicos"

Ultimamente, um curioso episódio cósmico tem chamado a atenção dos astrônomos. Trata-se do planeta AU Mic b, localizado a 32 anos-luz da Terra, que apresenta sinais de perda atmosférica. Saiba mais aqui.

planeta AU Mic b
Representação de um planeta próximo à estrela Au Mic: devido à curta distância entre os dois, o vento estelar contribui para as violentas explosões e a perda da atmosfera planetária. Créditos: NASA/ESA/Joseph Olmsted (STScI).

Há alguns dias, a NASA divulgou informações sobre um evento que deixou a comunidade científica perplexa. O Telescópio Espacial Hubble revelou dados sobre a expulsão atmosférica do planeta AU Mic b.

Este gigante gasoso orbita perto de sua estrela-mãe, a anã vermelha Au Microscopii (Au Mic), e tem características semelhantes a Netuno. Esta estrela abriga um dos sistemas planetários mais jovens detectados até agora —Au Mic teria menos de 100 milhões de anos, pouco em comparação com a idade do Sol— e está localizado a 32 anos-luz da Terra.

O surpreendente da notícia não foram os "soluços cósmicos", mas a mudança repentina registrada no planeta: passou de 'não perder nenhum material' a apresentar uma 'perda explosiva de sua atmosfera de hidrogênio' após um ano e meio de observação do Hubble.

O Hubble não pode ver diretamente a estrela por causa de seu forte esplendor. No entanto, graças à perda de hidrogênio do Au Mic b, ele pode medir mudanças em seu brilho.

Foi uma variação extrema de uma órbita para outra: "Nunca vimos uma perda atmosférica passar de completamente indetectável para altamente detectável em um período tão curto quando um planeta passa na frente de sua estrela", comentou Keighley Rockcliffe, do Dartmouth College (Hanover, Estados Unidos), e autora principal do estudo publicado na revista The Astronomical Journal.

O que se sabe sobre o planeta que perde sua atmosfera?

Estamos na presença de um exoplaneta que está a apenas 9,6 milhões de quilômetros de sua estrela e que tem 4 vezes o diâmetro da Terra, por isso é normal que sua atmosfera esteja evaporando, pois está muito exposta aos ventos estelares e à radiação ultravioleta.

Em 2020, os telescópios espaciais TESS e Spitzer (agora aposentado) coletaram dados pela primeira vez do jovem Au Mic b. "Sua recente descoberta permitiu estudar como os planetas e suas atmosferas se formam, evoluem e interagem com suas estrelas", explica a agência espacial.

Por que este planeta não poderia ser explorado? É evidente que a proximidade de sua estrela é um fator determinante. Au Mic é uma anã vermelha com uma atividade superior à do Sol: emite explosões estelares muito fortes, tornando inabitáveis os planetas que a orbitam.

Teorias de suposto comportamento errático

A verdade é que há razões para acreditar que não houve falta de expulsão atmosférica no período anterior a este evento, visto que não existem registros semelhantes. Até agora, duas possíveis teorias são tratadas, de acordo com a NASA.

Pode ser uma explosão estelar poderosa que fotoionizou o hidrogênio que escapava até que ficasse transparente à luz, tornando-o indetectável. Outra explicação plausível é que o vento estelar molda o escoamento planetário, tornando o escoamento às vezes visível e às vezes não.