Novo relatório da OMM alerta sobre a situação climática da América Latina

Da Amazônia aos Andes, das geleiras sul-americanas as águas quentes do Caribe, as mudanças climáticas estão causando mega secas, chuvas extremas, desmatamento e derretimento de geleiras em toda a região da América Latina e Caribe, de acordo com novo relatório da OMM.

Mudanças climáticas América Latina
O novo relatório da OMM alerta sobre a delicada situação climática enfrentada pela América Latina e Caribe.

Nesta sexta-feira (22), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou o relatório “Situação do Clima na América Latina e no Caribe em 2021”, durante a Conferência Regional da América do Sul na cidade de Cartagena, na Colômbia. Esse relatório fornece detalhes a respeito dos impactos dos extremos climáticos e das mudanças climáticas em toda região da América Latina e Caribe no ano de 2021, da Amazônia aos Andes, das regiões costeiras aos picos nevados!

O relatório mostra que os riscos hidrometeorológicos, incluindo secas, ondas de calor, ondas de frio, ciclones tropicais e inundações, infelizmente levaram à perda de centenas de vidas, danos graves à produção agrícola e infraestrutura e deslocamento humano - secretário-geral da OMM, Petteri Taalas

O relatório traz importantes informações sobre indicadores climáticos como temperatura, calor e acidificação dos oceanos, elevação do nível do mar e geleiras, bem como a ocorrência de eventos extremos. Além disso, o relatório destaca os impactos das mudanças climáticas na agricultura e segurança alimentar, migração e deslocamento, desenvolvimento socioeconômico e meio ambiente na região.

Este é o segundo ano que a OMM produz este tipo de relatório regional, com a intenção de fornecer aos tomadores de decisão informações focadas em suas regiões, para fundamentar seus planos de ação e reduzir os impactos adversos dos desastres relacionados ao clima. Para a OMM, a América do Sul está entre as regiões com maior necessidade de fortalecimento dos sistemas de alerta precoce, ferramentas essenciais para prevenção de desastres e adaptação em áreas de risco.

Principais pontos levantados no relatório

O relatório da OMM revela que, seguindo o comportamento global, a tendência de aquecimento das temperaturas continuou em 2021 sobre a América Latina e Caribe. A taxa média de aumento das temperaturas foi de cerca de 0.2 °C por década entre 1991 e 2021, em comparação com 0.1 °C por década entre 1961 e 1990.

A respeito das geleiras sul americanas, o relatório aponta que as geleiras andinas perderam 30% ou mais de sua área desde a década de 1980, sendo que algumas geleiras do Peru perderam mais de 50% de sua área. Essa é uma situação alarmante já que muitas cidades e ecossistemas andinos dependem da água vinda dessas geleiras.

O relatório também destaca alguns dos eventos extremos climáticos mais marcantes de 2021 que ocorreram na América Latina e Caribe:

  • Inundações e chuvas volumosas: Uma série de inundações afetaram cerca de 27 500 pessoas no Panamá em 2021. No Brasil, o Rio Negro, na Amazônia central, atingiu sua maior cheia em 102 anos, com suas águas invadindo diversas cidades. Os estados brasileiros da Bahia e Minas Gerais sofreram uma perda estimada de US$ 3,1 bilhões devido a inundações e deslizamentos de terra;
  • Secas: A mega seca que atinge o Chile, com duração de 13 anos até o momento, é considerada a mais longa em pelo menos mil anos. Além disso, a seca que atingiu a Bacia Paraná-La Plata foi a pior desde 1944, afetando todo o centro-sul do Brasil e partes do Paraguai e Bolívia, levando a um declínio de -2,6% na safra de cereais da América do Sul de 2020-2021 em comparação com a temporada anterior;
  • Ciclones Tropicais: 2021 foi o 7º ano consecutivo em que pelo menos uma tempestade se formou antes do início oficial da temporada de furacões no Atlântico e a terceira temporada de furacões mais ativa, produzindo 21 tempestades nomeadas, incluindo os devastadores furacões Eta e Iota;
  • Desmatamento Amazônia: O desmatamento na floresta amazônica brasileira dobrou em relação à média de 2009-2018, atingindo seu nível mais alto desde 2009. No ano passado a floresta perdeu 22% a mais de área florestal em relação a 2020.
  • Queimadas: Aproximadamente 2 milhões de hectares foram queimados na região do Pantanal, o segundo maior desde 2012.