Mistério resolvido: Oumuamua não é uma nave alienígena

A controvérsia continua em torno do estranho que atravessou o Sistema Solar em 2017, mas novos estudos sugerem que se trata de um fragmento de nitrogênio sólido, vindo de um mundo semelhante a Plutão.

Mistério resolvido: Oumuamua não é uma nave alienígena
Estudos sugerem que Oumuamua, o estranho objeto que atravessou o Sistema Solar em 2017, é um fragmento de nitrogênio sólido e não uma nave espacial. (imagem: William Hartmann)

Desde que foi detectado passando pelo sistema solar em 2017, o Oumuamua gerou controvérsias na comunidade científica. Apesar de parecer com um cometa, ele possui características diferentes de qualquer outro cometa já observado, o que gerou hipóteses de que ele poderia até mesmo ser uma nave espacial vinda de outro mundo.

A maneira como o objeto acelerou ao passar no sistema solar e a ausência de uma cauda ou algum vazamento detectável de gás faz com que seja muito difícil explicar sua natureza. Mas agora, mais do que nunca, cientistas da Universidade do Arizona estão chegando perto da resposta definitiva.

Em muitos aspectos, Oumuamua parecia um cometa, mas era bastante peculiar. (...) O mistério cercava sua natureza e a especulação corria desenfreada. - Steven Desch ao portal AGU.

Steven Desch e Alan Jackson acreditam que Oumuamua é, muito provavelmente, um fragmento de um planeta semelhante a Plutão, localizado num sistema solar distante. Suas descobertas foram publicadas no Journal of Geophysical Research, e sua pesquisa partiu de observações feitas durante os poucos dias em que o objeto permaneceu ao alcance dos telescópios terrestres.

Desch e Jackson começaram com a hipótese de que o Oumuamua era composto por nitrogênio congelado, descobrindo que sua refletividade e seu tamanho eram diferentes do que havia sido estimado. Com isso, todos os dados coletados sobre o objeto começaram a se encaixar.

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O seu formato, que pensávamos ser de charuto, na verdade é mais próximo de uma torta redonda e achatada - Mas o Oumuamua provavelmente não era plano quando entrou em nosso sistema solar, ele derreteu e perdeu mais de 95% de sua massa ao passar próximo do sol.

Sabemos que é possível observar nitrogênio congelado na superfície de Plutão e Tritão (uma das luas de Netuno), então os cientistas acreditam que é perfeitamente possível que um cometa seja feito do mesmo material.

Os dois pesquisadores ainda elaboraram uma possível história para Oumuamua: Ele provavelmente foi arrancado de seu planeta natal por um impacto de meteoro, há cerca de 500 milhões de anos atrás. O impacto foi forte o suficiente para expulsá-lo seu sistema planetário. Depois disso, o objeto vagou pelo universo até passar casualmente por nosso sistema solar.

E a nave alienígena?

Há algumas semanas, o astrofísico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, publicou um livro explicando as razões pelas quais ele acredita que Oumuamua é na verdade uma antiga nave alienígena, provavelmente já morta e à deriva, que passou através do nosso Sistema Solar.

Mas Desh e Jackson acreditam que isso é mera especulação, decorrente das características incomuns de Oumuamua que permaneciam sem explicação. A ciência levou vários anos para encontrar uma explicação natural para o objeto, e ainda há mais questões que devem ser respondidas nos próximos anos.

Desde que foi descoberto pelo observatório Pan-STARRS no Havaí, viajando a uma velocidade de 87,3 quilômetros por segundo, Oumuamua deu aos cientistas uma oportunidade única de estudar objetos vindos de fora do sistema solar. O objeto pode ser a primeira evidência real de que há planetas similares a Plutão em outros sistemas solares, algo que nunca antes havia sido detectado pela ciência.

Desch e Jackson esperam que os futuros telescópios, como os do Observatório Vera Rubin/Grande Telescópio de Pesquisa Sinóptica no Chile, sejam capazes de examinar todo o céu do Sul regularmente, encontrando ainda mais objetos interestelares nos próximos anos.