Gordura de óleo vegetal muito usado por brasileiros pode estimular tipo grave de câncer, dizem cientistas
Segundo um estudo recente publicado na revista Nature, um tipo de gordura presente em óleos muito comuns no Brasil está relacionado a um câncer agressivo. Veja mais informações aqui conosco.

Uma pesquisa divulgada recentemente na revista Science traz um sinal de alerta em relação ao consumo de óleos vegetais comuns. Isso porque os seus autores encontraram que o ácido linoleico, um ácido graxo presente em óleos vegetais comuns encontrados no Brasil e no mundo, pode estimular o crescimento de um tipo agressivo de câncer de mama. Veja mais detalhes abaixo.
Os perigos da substância encontrados pelo estudo
O estudo pré-clínico, realizado por pesquisadores da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, investigou os efeitos do ácido linoleico, um ácido graxo poli-insaturado da família dos ômega-6 amplamente encontrado em óleos vegetais (como o de soja, girassol e milho).
O que eles observaram foi que essa gordura favorece o crescimento do subtipo de câncer de mama conhecido como triplo negativo, considerado de difícil tratamento por não responder a terapias hormonais.

Segundo o estudo, o ácido linoleico ativa uma importante via de crescimento celular chamada mTORC1, pois ele interage com uma proteína chamada FABP5, abundante nesse tipo de tumor.
A ativação da mTORC1 foi comprovada tanto em culturas de células quanto em testes com camundongos com câncer de mama triplo negativo. Quando os ratos foram alimentados com uma dieta rica em ácido linoleico, houve um aumento nos níveis de FABP5, uma maior atividade da via mTORC1 e uma aceleração do crescimento dos tumores.
Mas calma, não há motivos para pânico
O estudo sugere que o ácido linoleico pode impulsionar diretamente o crescimento do câncer em contextos específicos.
Justin Stebbing, professor de Ciências Biomédicas da Universidade de Anglia Ruskin, em Cambridge, Inglaterra, explicou em um artigo que este estudo não prova que óleos de cozinha causam câncer de mama – longe disso. Outros fatores, como genética, dieta alimentar e exposições ambientais, desempenham papéis significativos.
Além disso, ele explica que o ácido linoleico é fundamental para a saúde da pele, a estrutura da membrana celular e a regulação da inflamação. Contudo, as dietas modernas, ricas em alimentos processados, fornecem muito ômega-6 (incluindo ácido linoleico) e carecem de ômega-3. Esse desequilíbrio pode promover inflamação crônica, que é um fator bem conhecido que contribui para o câncer e outras doenças.
Claro, estes resultados não justificam a abstenção total de óleos de sementes, mas sugerem moderação e seletividade, especialmente para indivíduos de alto risco. Para Stebbing, é importante considerar também o consumo maior de frutas e vegetais como parte de uma dieta saudável e equilibrada.
Referências da notícia
Óleo comum no Brasil está ligado a câncer agressivo, segundo estudo. 20 de abril, 2025. Ana Luiza Figueiredo.
Direct sensing of dietary ω-6 linoleic acid through FABP5-mTORC1 signaling. 14 de março, 2025. Koundouros, et al.
Fat in common cooking oils is linked to aggressive breast cancer - but here’s why you shouldn’t panic. 14 de abril, 2025. Justin Stebbing.