Fóssil de vômito de dinossauro de 110 milhões de anos aponta para uma nova espécie voadora no Brasil

Um estudo recente divulgou a descoberta de uma nova espécie de pterossauro, um réptil voador, no Brasil. Os vestígios foram identificados em um ‘vômito’ fossilizado de dinossauro encontrado em um sítio paleontológico no Nordeste do país.

Visão geral do ‘vômito’ fossilizado (regurgitólito) de um dinossauro, contendo os vestígios (ossos e fluídos) da nova espécie de pterossauro descoberta no Brasil. Crédito: Aline M. Ghilardi.

Um estudo recente publicado na revista Scientific Reports divulgou a descoberta de uma nova espécie de pterossauro (um réptil voador pré-histórico), totalmente inédita no Brasil.

A espécie foi identificada em um regurgitólito de dinossauro, nome que se dá para vômitos fossilizados, em um sítio arqueológico no Nordeste do Brasil.

Também é a primeira vez que um animal é descrito baseado em um regurgitólito. Entenda melhor sobre este achado abaixo.

Vômito revela nova espécie de pterossauro no Brasil

A cerca de 110 milhões de anos atrás, um dinossauro se alimentou de dois pterossauros, famosos répteis voadores daquela era, e logo depois os regurgitou em meio às planícies e lagos rasos do que hoje é a Região Nordeste do Brasil.

O seu vômito encontrou condições de preservação e se fossilizou, sendo descoberto há algumas décadas por pesquisadores durante escavações no Grupo Santana, na Bacia do Araripe, um sítio paleontológico localizado na divisa dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.

Representação artística de como seriam os pterossauros da espécie Barikibu waritza, e um dinossauro ao fundo que se alimentava deles. Crédito: Júlio Lacerda/ Divulgação.

A análise recente deste ‘vômito’, o qual é uma mistura de ossos e fluidos fossilizados, revelou que os ossos que ali estavam pertenceram a uma espécie de pterossauro pré-histórico até então desconhecida para a ciência.

Segundo os pesquisadores, trata-se do primeiro pterossauro filtrador (que filtra pequenos organismos aquáticos para se alimentar) descrito nos trópicos e o primeiro do tipo encontrado no Brasil.

A nova espécie recebeu o nome de ‘Bakiribu waridza’, uma expressão que significa “boca de pente” na língua indígena Kariri, em homenagem aos povos originários da região do Araripe.

O pterossauro, que foi chamado de Bakiribu waridza (B. waridza), tinha uma mandíbula alongada com vários dentes longos e finos que ele usava para filtrar seu alimento, como fazem as baleias e os flamingos da atualidade. Provavelmente, ele usava o seu bico para “peneirar” organismos aquáticos, como pequenos crustáceos, para se alimentar.

A dentição única do B. waridza foi o que o distinguiu, ajudando os pesquisadores em sua análise. A estrutura dental fossilizada no vômito representa um “estágio intermediário” na evolução dos pterossauros filtradores, do grupo Ctenochasmatinae – um grupo altamente especializado em filtração. De acordo com os pesquisadores, a morfologia desta espécie tem características europeias e sul-americanas, o que pode ajudar a compreender como o comportamento filtrador evoluiu entre os pterossauros.

O material fossilizado estava guardado na coleção do Museu Câmara Cascudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mas sem informações sobre a localidade exata de procedência ou o nome do coletor ou doador.

O regurgitólito deverá ser entregue ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (MPPCN), da Urca, em Santana do Cariri, no Ceará, no final deste ano ainda. E segundo os pesquisadores, esta iniciativa é para garantir a preservação do fóssil no território de origem e evitar práticas de colonialismo científico.

Referências da notícia

Vômito de dinossauro revela nova espécie de pterossauro do Brasil. 28 de novembro, 2025. Tabita Said.

A regurgitalite reveals a new filter-feeding pterosaur from the Santana Group. 10 de novembro, 2025. Pêgas, et al.