Fósseis de preguiça-gigante da Era do Gelo são descobertos em Minas Gerais

Pesquisadores da PUC Minas descobriram fósseis da preguiça-gigante que viveu na Era do Gelo, com cerca de 2,5 metros de comprimento. É primeiro registro fóssil da espécie no município de Minas Gerais!

Equipe de pesquisa
Equipe do Programa de Pós-Graduação em Geografia em parceria com membros do Espeleogrupo Pains (EPA). Foto: Bruno Kraemer.

Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais encontraram fósseis de uma preguiça gigante extinta! A descoberta é o primeiro registro fóssil da espécie na região Cárstica do município.

A preguiça-gigante Scelidotheriinae teria aproximadamente 2,5 metros de comprimento e foi encontrada na gruta João Lemos, localizada em Pains, no centro-oeste do estado de Minas Gerais, durante as atividades de campo da Escola Brasileira de Espeleologia da Sociedade Brasileira de Espeleologia. O último animal encontrado na cidade havia sido um mastodonte, em 1998.

O animal teria vivido no Período Pleistoceno, conhecido como a “Era do Gelo”, época geológica que durou 2,5 milhões de anos, 11.700 anos atrás.

Especificamente, trata-se de um mamífero da Superordem dos Xenartros, constituídos por tatus, tamanduás e preguiças. Acredita-se que a sua alimentação seria herbívora graminívora complementando com tubérculos, e capaz de escavar o solo com suas alongadas garras para procurar alimentos e fazer trocas, afirmou Bruno Kraemer, um dos integrantes da pesquisa.

Preguiça-gigante
Preguiça-gigante Scelidotheriinae. Foto: Bruno Kraemer.

Segundo os especialistas, para sobreviver em condições adequadas, a preguiça-gigante da família Scelidotheriinae cavava túneis e câmaras subterrâneas onde se abrigaria em climas adversos ou para procriar. Elas também viviam em uma ambiente de savana intertropical (cerrado) com manchas de matas de galerias, onde poderiam obter alimentos ricos em águas e nutrientes.

Primeiro registro de fóssil na cidade de Minas Gerais

Durante as pesquisas, ficou evidente que no município de Pains, a conservação em cavernas é favorecida pelo ph básico do calcário que se dissolve na água. Os fósseis foram encontrados permineralizados, ou seja, a estrutura biomineral dos ossos foi substituída pela calcita mineral existente no local, através da percolação da água rica em cálcio que adentrou nos espaços intersticiais ósseos.

Fósseis da preguiça-gigante
Preguiça-gigante Scelidotheriinae. Foto: Bruno Kraemer.

Aproximadamente 25% da ossada pôde ser resgatada, incluindo o úmero esquerdo, ossos carpais, falanges, costelas, crânio fragmentado, vértebras esternais e osso palmar. Porém, não foi possível realizar a sexagem do animal pois não foi encontrada a bacia pélvica do fóssil.

O objetivo da expedição de resgate do fóssil foi identificar aspectos da paisagem que favorecem a formação de depósitos sedimentares nesse tipo de área, o Carste.

De acordo com Kraemer, o animal apresentava uma estrutura aproximada de um novilho de 150 kg, corpo alongado, crânio de aspecto tubular, baixa estatura e garras. Além disso, acredita-se que a sua locomoção era peculiar denominada do tipo pedolateral, ou seja, pisava na face extrema das patas, e seriam capazes de construir tocas no solo, para procriarem e se esconderem.

O fóssil será encaminhado para à Coleção Paleontológica do Museu de Ciências Naturais da Universidade, considerada a maior coleção de mamíferos fósseis no Brasil e a segunda maior da América Latina, onde já se encontra em exposição, por exemplo, o crânio de um mastodonte encontrado na Loca do Angá em atividade coordenada pelo Prof. Cástor Cartelle entre 1998 e 1999, e que teria coabitado a mesma região da preguiça-gigante.