Espiritismo: médiuns possuem alterações genéticas, aponta estudo da USP
O estudo mostrou que os médiuns têm alterações genéticas que fazem com que eles percebam aspectos da realidade que a maioria das pessoas não percebe. Veja aqui mais detalhes da pesquisa.

Dentro da doutrina espírita, os médiuns são praticantes com ‘dons’ especiais, que supostamente mediam a comunicação entre os espíritos dos mortos e as pessoas vivas. E a chamada mediunidade é esse dom concedido ao homem para a comunicação com o mundo dos espíritos.
E a ciência foi tentar entender melhor esse tipo de mediunidade. Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e divulgado na revista Brazilian Journal of Psychiatry, analisou o DNA de pessoas ditas médiuns com o de seus parentes não médiuns, e revelou que esse “dom” pode estar relacionado a alterações genéticas que fazem com que os médiuns tenham uma sensibilidade maior do que a maioria das pessoas, percebendo aspectos da realidade que os outros não percebem.
Os dados para o estudo
A pesquisa foi realizada entre 2020 e 2021 e analisou o exoma – a parte do genoma que codifica proteínas – de médiuns e de seus parentes não médiuns. No total, foram 119 participantes: 66 médiuns e 53 controles (seus parentes não-médiuns de primeiro grau com similaridade genética e sociocultural).
Entre os médiuns, foram considerados aqueles com mais de 10 anos de trabalho, e a maioria era adepta da Umbanda ou do Espiritismo. O estudo ainda incluiu dois gêmeos monozigóticos (idênticos) médiuns que foram comparados com um terceiro irmão não-médium, fortalecendo a validação dos resultados.

O objetivo era identificar diferenças genéticas que pudessem estar associadas à mediunidade. O resultado identificou 15.669 variantes genéticas exclusivas dos médiuns, com potencial impacto na função de 7.269 genes.
Os resultados: médiuns têm alterações no DNA
As análises genéticas dos médiuns revelaram alterações em genes associados à proteção de mucosas, apresentação de antígenos e funções imunológicas. Foram 1.574 mutações presentes em 834 genes. Esses genes foram encontrados no sistema imune e inflamatório, em tecidos epiteliais e na glândula pineal.
"A glândula pineal fica no centro do cérebro. Até há algumas décadas, achava-se que ela não tinha funções significativas, mas hoje sabemos que tem relação com diversas funções do nosso corpo, inclusive com o sono. Diversas tradições espirituais, dizem que a pineal se relaciona a percepções espirituais", afirmou Alexander Moreira-Almeida, coautor do estudo e diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora, ao site G1.
Então, a presença dessas variantes genéticas sugere uma possível influência do sistema imunológico no processamento de informações do ambiente externo pelos médiuns.
Segundo os autores, os médiuns analisados podem ter uma predisposição biológica que influencia como as informações do mundo externo chegam até eles, o que os difere daqueles que não possuem tais variações, permitindo que eles percebam aspectos da realidade que a maioria das pessoas não percebe.
Referências da notícia
Médiuns apresentam modificações genéticas, aponta estudo. 20 de fevereiro, 2025. Beto Souza.
Médiuns têm alterações genéticas, aponta estudo da USP. 19 de fevereiro, 2025. Redação/G1.
Candidate Genes Related to Spiritual Mediumship: A Whole Exome Sequencing Analysis of Highly Gifted Mediums. 24 de dezembro, 2024. Gattaz, et al.