El Niño Modoki, que El Niño é esse?

O El Niño Oscilação Sul se apresenta de várias formas diferentes, fazendo com que exista tipos diferentes de El Niño. Um desse tipos é o El Niño Modoki que, de vez em quando, surge à tona no panorama climático global.

O El Niño Modoki é caracterizado pelo posicionamento das águas mais quentes no Pacífico central (na foto, El Niño de 2004). Fonte: NASA.

Como já sabemos, o El Niño-Oscilação Sul (ENOS) é uma importante oscilação oceano-atmosfera altamente complexa, que apresenta variações que fazem com que nenhum evento seja igual ao outro. Nessa variedade de eventos de El Niño, dois tipos ganham mais destaque, o El Niño Canônico e El Niño Modoki.

O ENOS é caracterizado pela presença de águas mais quentes (El Niño) ou mais frias (La Niña) que o normal no Oceano Pacífico equatorial. O que determina seu tipo (Canônico ou Modoki) é a região onde estão localizadas as anomalias de temperatura de superfície do mar mais intensas. Vamos usar como exemplo o caso de El Niño, quando a região de máxima anomalia positiva (temperatura acima da média) está localizada sobre o Pacífico equatorial leste temos um caso de El Niño Canônico, que é o padrão mais clássico e comum de El Niño.

Entretanto, por vezes a região de máxima anomalia positiva de temperatura do mar fica posicionada no Pacífico equatorial central (próximo à linha de data), enquanto que no Pacífico oeste e leste o aquecimento das águas não é tão evidente ou até mesmo ficam mais frias que o normal. Esse padrão caracteriza o chamado El Niño Modoki, cujo nome explica sua natureza, já que a palavra Modoki em japonês significa “similar, mas diferente”.

E os impactos, são diferentes?

Essa diferença no posicionamento das regiões de máximas anomalias de temperatura do mar gera diferentes alterações nas grandes células de circulação atmosféricas, o que faz com que os impactos do El Niño Canônico e Modoki sejam diferentes. No Brasil, quando temos um El Niño Canônico costumamos observar chuvas abaixo da média no Norte e Nordeste e chuvas acima da média no Sul do Brasil, ao longo de todo o ano.

O diferente posicionamento da região de máximo aquecimento de temperatura do mar resulta em diferentes alterações na circulação atmosférica. Fonte: JAMSTEC.

No caso do El Niño Modoki esse padrão oposto de chuvas entre o Norte e Sul do Brasil não é tão evidente e, em alguns momentos, pode até se inverter. Além disso, diferentemente do El Niño Canônico, os padrões de anomalia de chuva se alternam ao longo do ano: No trimestre de primavera, temos menos chuva na região de atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), ou seja, sobre as regiões Centro-Oeste e Sudeste. Já no verão, quase todo o Brasil tem precipitação abaixo da média. No outono, o oposto ocorre em relação a primavera, temos um aumento de precipitação na região das ZCAS, mais chuvas na costa da região Nordeste e menos chuvas no Sul, padrão oposto ao El Niño Canônico. E, por fim, durante o inverno os impactos desse El Niño não são tão significativos.

Porém, um único evento de El Niño durante seu ciclo de vida pode alternar entre esses tipos. Um evento pode começar com características de Modoki e no seu auge se consolidar como El Niño Canônico, ou até mesmo apresentar uma mistura dos dois tipos (Canônico + Modoki), com aquecimento equivalente no Pacífico Central e Leste, o que, de acordo com estudos mais recentes, caracteriza um terceiro tipo de El NIño.