Descoberta nova espécie ancestral dos golfinhos que habitou o Pacífico

Em um novo estudo, um paleontologista descreve uma nova espécie de baleia dentada que existiu há cerca de 28 milhões de anos atrás no Pacífico Norte e que pode ser o ancestral dos golfinhos de hoje. Saiba mais aqui!

‘Olympicetus thalassodon’, baleia dentada
Reconstrução do ‘Olympicetus thalassodon’ no fundo do oceano. Crédito da arte: Cullen Townsend.

Os odontocetos constituem uma subordem de cetáceos caracterizada por possuir dentes, onde se incluem os golfinhos, botos, belugas, cachalotes, orcas, entre outros. Seus primeiros registros fósseis datam do início do período Oligoceno, e sua história evolutiva inicial pode nos dar pistas sobre a evolução de algumas características únicas suas, como a ecolocalização.

O Oligoceno é a terceira época da era Cenozoica, compreendida há cerca de 36 a 23 milhões de anos atrás. O nome vem do grego oligos (pouco) e kainos (novo), em referência aos poucos novos mamíferos que surgiram nesta época em comparação com o Eoceno. Também é conhecido como a idade dos mamíferos.

Em uma pesquisa recente, publicada na revista científica PeerJ Life & Environment, um paleontologista do Museu de História Natural do Condado de Los Angeles, na Califórnia, descreve uma nova espécie de odontoceto primitivo, ou baleia dentada, o 'Olympicetus thalassodon', que existiu há cerca de 28 milhões de anos atrás e seria o ancestral dos golfinhos que conhecemos de hoje.

Sobre a descoberta do espécime

O autor do estudo, Jorge Velez-Juarbe, descreve, além do 'Olympicetus thalassodon', outras duas novas espécimes do início ao final da Formação Pysht do Oligoceno, intimamente relacionadas, contribuindo ainda mais para o entendimento dos primeiros odontocetos do oceano Pacífico Norte.

Todos os fósseis dessa espécie de ‘baleia’ dentada foram coletados em uma unidade geológica ao longo da costa da Península Olímpica do Estado de Washington e são datados entre 26,5 e 30,5 milhões de anos atrás.

O pesquisador descobriu também que os espécimes pertencem a uma família chamada ‘Simocetus’, um dos primeiros grupos divergentes de baleias dentadas. Diferenças no tamanho do corpo, dentes e outras estruturas relacionadas à alimentação sugerem que os simocetídeos tinham diferentes formas de acesso e preferências por presas.

Características únicas

“O 'Olympicetus thalassodon' e seus parentes próximos mostram uma combinação de características que realmente os diferenciam de qualquer outro grupo de baleias dentadas. “Algumas dessas características, como os dentes multicúspides, os crânios simétricos e a posição frontal das narinas, fazem com que pareçam mais um intermediário entre as baleias arcaicas e os golfinhos com os quais estamos mais familiarizados”, disse Velez-Juarbe.

"Os dentes de Olympicetus são realmente estranhos, são o que chamamos de heterodontes, ou seja, apresentam diferenças ao longo da fileira dentária, em relação aos dentes de odontocetos mais avançados, com dentes mais simples e quase iguais", esclareceu o paleontologista.

Dentição superior e inferior direita do ‘Olympicetus thalassodon’
Dentição superior e inferior direita do ‘Olympicetus thalassodon’ sp. nov. Em (A) são os pós-caninos superiores e em (B) os pós-caninos inferiores, ambos em vistas vestibulares; em (C) são os pós-caninos inferiores em vista lingual; de (D) a (I) são os molares (M) e pré-molares (P). Fonte: Velez-Juarbe, 2023.

No entanto, outros aspectos da biologia dessas primeiras baleias dentadas ainda precisam ser elucidados, como por exemplo, se elas tinham ecolocalização ou não. Alguns aspectos de seu crânio podem estar relacionados à presença de estruturas relacionadas à ecolocalização.

A ecolocalização, também conhecida como biossonar, é um sistema sensorial que alguns animais utilizam para se orientar por meio do som e capturar alimento. Por meio dele, eles podem ter uma percepção tridimensional do ambiente, mesmo sem o uso da visão.

“Os novos espécimes se somam a uma lista crescente de tetrápodes marinhos do Oligoceno do Pacífico Norte, promovendo ainda mais comparações faunísticas com outras assembleias contemporâneas e mais jovens, que permitirão uma melhor compreensão da evolução das faunas marinhas na região”, finaliza ele.