Cientistas estudam a possibilidade de um furacão de categoria 6

A Universidade da Flórida está tentando simular as consequências de um furacão de categoria 6 para se preparar para uma eventualidade cada vez mais provável, segundo eles.

Furacão Florence
Os sistemas ciclônicos tropicais podem se tornar mais intensos com as mudanças climáticas. Quais seriam os impactos de um furacão de categoria 6?

O aquecimento dos oceanos contribui para furacões mais poderosos, como a última temporada de furacões marcada por fenômenos violentos e um ano recorde, o de 2020. Pelo sétimo ano consecutivo, a atual temporada de furacões de 2022 — que vai de 1º de junho a 30 de novembro — promete ser mais intensa que a média.

Furacões em um mundo mais quente

Os últimos anos têm sido marcados por uma intensificação muito rápida de furacões em contato com as águas quentes sobre as quais eles passam. Uma tendência que não vai parar, com o aumento constante do nível de temperatura global, ligado às emissões de gases de efeito estufa pelas atividades humanas.

Se essa tendência não puder ser revertida, as cidades costeiras devem se preparar imperativamente para enfrentar novos danos. Este é o objetivo do experimento da Universidade da Flórida: simular os danos causados pelo vento e pela subida das águas (marés ciclônicas) de um grande furacão, ainda mais forte do que aqueles que os Estados Unidos já experimentaram, para preparar melhor as cidades para um desastre potencial.

Ventos a 300 km/h em um hangar experimental

Para tentar entender os efeitos de um furacão de categoria 6, os cientistas simularam um cenário real catastrófico em um hangar especialmente projetado para o experimento: ventos de 300 km/h soprando sobre uma casa, depois uma onda de seis metros submergindo a estrutura, derrubando a casa, e sendo arrastada pela água.

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A Fundação Nacional de Ciências designou 12,8 milhões de dólares aos cientistas para construir este hangar de experimentos. Este deve ser projetado para poder simular ventos de pelo menos 290 km/h e ondas de vários metros. Mais especificamente, os resultados da experiência deverão permitir trabalhar em materiais de construção mais resistentes para edifícios e estradas, e em um novo layout da rede elétrica e da rede de distribuição de água. Nenhum projeto desse tipo foi realizado até o momento.

Para realizar este projeto, a Universidade da Flórida está montando uma equipe de engenheiros, especialistas em desastres naturais, especialistas em modelos de previsão e meteorologistas.

Parede de Vento.
A parede de vento já construída na Flórida, que permite gerar rajadas de mais de 250 km/h. Imagem: NSF-NHERI MURO DE VIENTO, UIF.

A Universidade da Flórida já criou uma parede de vento (WoW, em inglês), um simulador de furacões em um hangar com 12 ventiladores gigantes capazes de produzir ventos de até 252 km/h, equivalente a um furacão de categoria 5. Na sua frente, serão colocadas árvores e casas de madeira para testar a resistência ao vento. O projeto do hangar exigirá pelo menos quatro anos de trabalho e, portanto, não estará pronto antes de 2026.

Furacões de categoria 6

Furacões de categoria 6 já aconteceram antes, dizem alguns cientistas. A ideia de se preparar para ventos superiores a 300 km/h pode parecer extrema, mas na verdade é bastante realista de acordo com a Universidade da Flórida: nos últimos anos, os furacões Dorian (2019) e Irma (2017) no Atlântico, e o supertufão Haiyan (2013) no Pacífico, geraram ventos de mais de 290 km/h.

Furacões
Uma série de furacões sobre o Oceano Atlântico.

Este tipo de ciclone já é considerado por alguns cientistas como um fenômeno de categoria 6 na escala Saffir-Simpson, que possui cinco categorias, embora a categoria 6 não exista oficialmente: a categoria 5 não tem limite, pois designa fenômenos com ventos superiores a 251 km/h com ondas superiores a 5,5 metros. Mas, como aponta a Universidade da Flórida: “a escala de classificação já poderia incluir uma 6ª categoria”.