Novas descobertas sobre os meteotsunamis

Apesar de os meteotsunamis, ou tsunamis meteorológicos, serem extremamente perigosos para as regiões costeiras, sua formação e propagação continuam sendo pouco entendidas. Um estudo recente trouxe novas descobertas sobre o papel dos ciclones tropicais na geração dessa onda extrema.

Meteotsunamis atingindo a costa
Meteotsunamis ainda são pouco estudados, mas causam grandes danos à região costeira.

Todos os anos as regiões costeiras sofrem danos causados por desastres naturais. A maior parte desses danos está relacionada ao aumento momentâneo e rápido do nível do mar forçado por eventos como ciclones tropicais, que gera grandes inundações e erosão costeira. Nesse cenários, os meteotsunamis gerados nesses eventos atmosféricos intensos são extremamente perigosos e ainda permanecem como uma questão em aberto para a ciência.

O nível do mar na região costeira é o resultado da maré astronômica, maré atmosférica e agitação marítima forçada pelo vento, que inclui diferente tipos de ondas de gravidade que sepropagam na superfície do mar. A interação desses elementos e suas repostas às variabilidade climáticas são uma grande fonte de erros nas previsões.

Uma dessas ondas de gravidade geradas é imensamente perigosa e ainda pouco conhecida: o meteotsunami. Meteotsunamis recebem esse nome por serem ondas com características semelhantes aos tsunamis. No entanto, a forçante do tsunami meteorológico é diferente, não sendo causada por deslizamentos submarinos, erupções vulcânicas ou tremores sísmicos.

A perturbação inicial do meteotsunamis é gerada por mudanças locais no vento e/ou pressão atmosférica. Da mesma forma que os tsunamis, o meteotsunami é uma onda com grande períodos que e amplificada, ou seja, cresce, ao chegar à costa pela redução de profundidade. Apesar dessa onda gigante ser capaz de trazer graves consequências para a região costeira, sua origem e propagação continua pouco estudada.

Um novo artigo publicado na Nature Communications mostra que ondas de meteotsunami são comumente geradas por ciclones tropicais, e podem contribuir significantemente no nível total da água na região costeira durante esses eventos. A investigação foi feita através de um modelo idealizado que envolve componentes oceânicas, atmosféricas e de geração e propagação de ondas com o objetivo de analisar meteotsunamis induzidos especificamente por ciclones tropicais.

O estudo mostrou que os eventos de meteotsunamis mais extremos são gerados por feições comuns na estrutura de um ciclone tropical: as bandas de chuvas espiraladas internas e externas. Enquanto a banda externa produz ondas de meteotsunamis isoladas, com um único pico, a banda de chuva interior dispara ondas mais duradouras e longas na frente do ciclone tropical.

Os autores apontam também que a capacidade de resolução temporal e espacial dos modelos atmosféricos atualmente usado para a previsão de inundação e agitação marítima na costa durante um furacão é insuficiente. Esses modelos normalmente provem informações de 1 a 3 horas em pontos geográficos espaçados em cerca de 3 km, o que prejudica a presentação correta dos mecanismos geradores do meteotsunami.