Camada de ozônio na Antártica deve se recuperar totalmente até 2066, diz relatório da ONU
Boas notícias: a camada de ozônio na Antártica segue em recuperação. Buraco sobre a região deve se recuperar totalmente até 2066, segundo levantamento da ONU. E mais: o buraco em 2024 foi o menor em décadas.

Primeiramente, vamos relembrar o que é a camada de ozônio: trata-se de uma região da estratosfera, localizada entre 20 e 35 km de altitude, que tem altas concentrações do gás ozônio (O₃) e atua como um filtro essencial, protegendo a Terra da radiação ultravioleta (UV) nociva do Sol. Ou seja, essa camada nos protege dos danos da radiação UV à saúde (como câncer de pele) e protege os ecossistemas do planeta.
Agora, o que vem a ser o buraco na camada de ozônio? É uma região da estratosfera em que há baixa concentração de O₃, como se fosse um “buraco” permitindo a passagem da radiação UV, ou seja, ficamos menos ‘protegidos’.
Segundo uma avaliação das Nações Unidas (ONU) divulgada em 2022, a camada de ozônio da Terra está a caminho de se recuperar completamente nas próximas décadas. Além disso, um novo boletim da Organização Mundial Meteorológica (WMO, na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira (16) confirma essa projeção. O buraco sobre a Antártica está diminuindo; em 2024 ele era menor do que em anos anteriores. E essa informação foi classificada como uma “notícia científica alentadora para a saúde das populações e do planeta”, segundo os autores do documento.
Camada de ozônio está se recuperando e buraco na Antártica deve fechar até 2066
O novo boletim da WMO divulgado nesta terça-feira (16) sobre o ozônio, o ‘WMO Ozone and UV Bulletin’, confirmou que a camada de ozônio está se recuperando e o buraco desaparecerá completamente nas próximas décadas. “A camada de ozônio deverá recuperar seus valores da década de 1980 em meados deste século”, afirmou a WMO no novo boletim.
A camada de ozônio apresentou sinais robustos de recuperação em 2024, ficando acima da média em grande parte do mundo. A quantidade de ozônio atingiu alguns dos níveis mais altos em décadas na Antártica.
Sobre o Ártico, as concentrações de ozônio chegaram a ficar entre 55 e 60 unidades Dobson acima da média, o que representa uma camada cerca de 14% mais espessa do que a registrada no período de referência (de 1960 a 2023).
A profundidade do buraco na camada de ozônio na Antártica em 2024 ficou abaixo da média de 1990-2020, com um déficit máximo de massa de ozônio de 46,1 milhões de toneladas em 29 de setembro, o que é bom, pois significa que o buraco era menos profundo. Além disso, foi observada uma recuperação mais rápida após o pico de destruição, o que especialistas consideram um sinal robusto de recuperação.
E de acordo com as projeções da ONU, se as políticas globais forem mantidas, espera-se que a camada de ozônio retorne aos seus níveis da década de 1980 até 2040 na maior parte do mundo. Nas regiões polares, o prazo para a recuperação é mais longo: até 2045 no Ártico e até 2066 na Antártica.

Segundo o levantamento da ONU, a cooperação internacional ajudou a conter os danos. O uso de CFCs diminuiu 99% desde que o Protocolo de Montreal entrou em vigor em 1989, quando iniciou-se a eliminação desses e de outros produtos químicos prejudiciais, conforme a avaliação de um painel de especialistas
António Guterres, secretário-geral da ONU, classificou o levantamento da WMO como um exemplo de como a cooperação internacional pode trazer resultados. “A camada de ozônio está se recuperando. Este feito mostra que, quando os países ouvem a ciência, o progresso é possível”, disse ele. A entidade também relaciona a melhoria da camada de ozônio a fatores naturais, como condições específicas da atmosfera que variam ano a ano.
Referências da notícia
Scientific Assessment of Ozone Depletion: 2022 - Executive-Summary. 2022. ONU.
WMO Ozone and UV Bulletin - Nº 3. 2025. WMO.
Camada de ozônio segue em recuperação; buraco na Antártida foi o menor em décadas em 2024. 16 de setembro, 2025. Roberto Peixoto.