A importância dos satélites para detectar vulcões como o de Tonga

Há uma grande e crescente frota de satélites e naves espaciais para a observação da Terra. Alguns têm "olhos" constantes em determinadas regiões do planeta, o que significa que os seus dados estão imediatamente disponíveis para estudo, enquanto outros estão encarregados de fazer observações de seguimento.

erupção vulcânica
Os satélites conseguem ter um alcance de visão superior, o que lhes permite capturar imagens claras sobre as erupções vulcânicas.

Toda a informação coletada pelos satélites que orbitam a Terra pode ajudar na resposta da emergência climática e também ajudar os cientistas a compreender melhor certos eventos, como as erupções vulcânicas.

Os satélites meteorológicos

Há um grupo de naves espaciais que monitoram sistemas meteorológicos a 36 mil km acima do nosso planeta. Eles cobrem um hemisfério inteiro em poucos minutos, transmitindo imagens do que observam para a Terra, de forma a produzir previsões atualizadas.

Foram estes satélites meteorológicos que registaram algumas das mais espetaculares observações da nuvem de cinza do vulcão que entrou em erupção, perto de Tonga.

Durante uma erupção, a efusão de cinzas torna difícil ver o que está realmente acontecendo ao nível do solo - a menos que se utilize tecnologia de radar que penetre as cinzas e as nuvens. Quando o Sentinel-1A da European Space Agency (ESA) sobrevoou o vulcão no final de sábado, ficou claro que grande parte do mesmo, que se encontrava acima das águas do Oceano Pacífico, tinha sido destruído.

Uma onda de choque global

Um dos aspetos mais impressionantes das observações por satélite é a onda de choque que se move rapidamente em todas as direções. A onda de pressão desta erupção explosiva cobriu todo o globo terrestre. O Met Office registrou a sua passagem nos barômetros, não uma, mas duas vezes!

Outro bom exemplo do impacto deste vulcão na atmosfera pode ser visto nos dados recuperados pela missão Aeolus da ESA. Este satélite mede as propriedades do vento, desde o solo até a uma altura de 30 km na estratosfera. Contudo, quando o Aeolus passou sobre o Pacífico, o seu laser (que permite fazer as medições) foi bloqueado por todo o material que havia sido lançado para o céu. No entanto, ele nos deu uma boa indicação da altura da nuvem de cinza.

Efeitos sobre o clima

As maiores erupções podem arrefecer as temperaturas durante um curto período de tempo. A erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991, fez baixar a temperatura média global da Terra em meio grau durante alguns anos.

O motivo pelo qual isto acontece é devido à injeção de grandes quantidades de dióxido de enxofre na atmosfera. O SO2 combina com a água para fazer uma névoa de pequenas gotas, ou aerossóis, que refletem a radiação solar recebida.

Os satélites são de extrema importância para a avaliação das erupções, visto que não só transmitem os acontecimentos que podem ser estudados de imediato, como também podem ajudar na observação dos danos, seja a nível da emissão de gases ou das comunidades que vivem perto destes eventos.

O satélite Sentinel-5P da ESA pode mapear a quantidade e propagação de dióxido de enxofre. As primeiras indicações são de que a massa de SO2 injetado, devido a esta erupção específica, não é suficiente para ter um impacto significativo na temperatura global.

Mapeamento dos danos

A extensão dos danos em todo o arquipélago de Tonga ainda não está clara. Os habitantes tiveram que lidar com a queda de cinzas e as cheias resultantes das ondas do tsunami. Satélites de alta resolução estão encarregados de mapear as muitas ilhas da região, para ajudar em uma resposta de emergência para os locais com necessidades mais urgentes.