Planetas como a Terra são comuns no Universo mas existe um problema, diz novo artigo; descubra aqui

Segundo artigo do Astrophysical Journal Letters, Terra é um planeta comum no Universo mas o mesmo não acontece para planetas com água.

Planetas como a Terra podem ser mais comuns no Universo do que se achava anteriormente mas a água ainda é um problema. Crédito: NASA
Planetas como a Terra podem ser mais comuns no Universo do que se achava anteriormente mas a água ainda é um problema. Crédito: NASA

Quando se fala em busca pela vida, geralmente se fala também em busca de zonas onde a água líquida pode existir. Isso porque a água é um dos fatores mais importantes para a vida como conhecemos, sendo essencial em processos biológicos, químicos e até na regulação climática do planeta. Ao buscar sinais de vida fora da Terra, os astrônomos buscam a presença de água em exoplanetas já que sem esse recurso, as chances de encontrar vida diminuem.

Mesmo sendo uma esfera azulada por causa da presença de água na superfície, a Terra é um planeta rochoso e pequeno. Esses planetas classificados como rochosos são extremamente comuns no Universo. Telescópios que buscam exoplanetas, como o Kepler e o TESS, já identificaram milhares deles em torno de outras estrelas. Isso coloca a Terra em uma categoria de planetas comuns e não possui tantas características raras em relação ao restante do cosmos.

No entanto, quando estamos falando da presença de água nesses planetas rochosos, a conversa muda de direção. Um estudo recente mostrou que, apesar da Terra ser um tipo de planeta comum, outros planetas semelhantes a ela podem não ter água suficiente para sustentar a vida. Processos durante a formação e evolução planetária podem reduzir drasticamente a quantidade de água disponível. Isso sugere que a presença de água de forma mais abundante pode ser mais rara do que se imaginava.

Planetas rochosos

Planetas rochosos, também chamados de terrestres, são corpos que possuem uma superfície sólida e possuem silício e metais em sua estrutura. Eles se formam a partir da acreção de planetesimais no disco protoplanetário e, geralmente, próximos de suas estrelas. Isso porque nessas regiões a temperatura é alta demais para que gases leves, como hidrogênio e hélio, se mantenham.

Por causa da presença da estrela que acaba removendo os gases mais leves, acaba que os objetos próximos à elas acabam sendo formados por materiais mais pesados, criando núcleos metálicos e crostas de rocha.

Com isso, esses planetas resistem a órbitas próximas das estrelas porque sua composição densa não evapora facilmente com o calor. No Sistema Solar, os exemplos são Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, que orbitam a parte interna e quente em comparação com os gigantes gasosos externos como Júpiter e Saturno. Cada um desses planetas internos possuem atmosferas e condições diferentes, mas todos são sólidos e pequenos.

Água e os Hycean worlds

Recentemente, um tipo de planeta hipotético tem ganhado força dentro da comunidade científica e, principalmente, na mídia. Os hycean worlds são planetas hipotéticos que seriam cobertos por oceanos com água líquida e uma atmosfera rica em hidrogênio. Eles seriam maiores que a Terra, mas menores que Netuno. No entanto, eles são considerados raros porque exigem condições muito específicas com uma combinação de massa, distância da estrela e composição atmosférica para que a água não evapore nem congele completamente.

Os hycean worlds são possibilidades para existência de vida mas como ainda permanecem no campo hipotético, o foco se mantém em planetas como a Terra que são rochosos mas possuem água em abundância. Outro ponto é que os planetas como a Terra são bem mais comuns que os hycean worlds, mas a presença de água em estado líquido continua sendo rara. Mesmo quando a água existe, pode estar em pequenas quantidades ou em forma de gelo, tornando a Terra um caso especial dentro desse grupo.

A falta de água no Universo

Um novo artigo propôs estudar como os planetas com a presença de água podem ser mais raros do que se imaginava. O argumento estudado seria que esses planetas menores que Netuno provavelmente passam por uma fase onde são cobertos por magma quente gerando uma camada de hidrogênio que dura milhões de anos. A equipe simulou a formação de sub-Netunos considerando 26 componentes em 248 planetas-modelo, incluindo o estado de equilíbrio químico entre interior e atmosfera.

Astrônomos encontram que a Terra pode ser comum mas planetas com uma quantidade alta de água são raros. Crédito: Werlen et al. 2025
Astrônomos encontram que a Terra pode ser comum mas planetas com uma quantidade alta de água são raros. Crédito: Werlen et al. 2025

As simulações mostraram que esses processos químicos destroem a maior parte das moléculas de água porque o hidrogênio e oxigênio se ligam a compostos metálicos. Quando se ligam a esses compostos metálicos, eles acabam migrando para o núcleo. Esse fenômeno acaba diminuindo a quantidade de água presente na superfície e na atmosfera dos planetas. Os cálculos indicam que não existem exoplanetas distantes com a água representando 50% de sua massa, como no caso dos hycean worlds.

Mas a Terra ainda é bastante comum

O que foi inesperado nesse artigo é que, apesar de mundos com presença de água de forma abundante serem incomuns, planetas semelhantes à Terra são muito comuns. Esses planetas poderiam, inclusive, ter potencial para sustentar a vida e são mais comuns do que se imaginava. Segundo a autora do trabalho, a Terra parece ser um planeta típico no Universo e não algo que a torne única, exceto a presença de vida.

Essa conclusão sugere que a formação de planetas rochosos com água superficial pode ser um processo relativamente frequente no Universo. Apesar de reduzir a probabilidade de encontrar vida em mundos com água, a maior frequência de planetas parecidos com a Terra aumenta as chances de encontrar formas de vida semelhantes às terrestres. No entanto, eles reforçam que condições habitáveis, com água líquida suficiente, provavelmente só ocorrerão em planetas menores que são difíceis de serem observados.

Referência da notícia

Werlen et al. 2025 Sub-Neptunes Are Drier than They Seem: Rethinking the Origins of Water-rich Worlds The Astrophysical Journal Letters.