NASA lança missão para estudar o misterioso halo invisível da Terra e seu impacto no clima espacial

Um fenômeno até então ignorado e silencioso está afetando o planeta: o halo invisível de hidrogênio ao redor da Terra está se expandindo e respondendo dramaticamente ao vento solar. Uma nova missão da NASA promete revelar seus segredos.

Terra, Lagrange
Representação digital dos cinco pontos de Lagrange do sistema Sol-Terra no espaço. Nos pontos de Lagrange, a atração gravitacional de duas grandes massas é neutralizada, permitindo que as espaçonaves reduzam o consumo de combustível necessário para manter sua posição. L1 é o destino final do Observatório Carruthers Geocorona. Nesta imagem, a Terra é identificada pela palavra "Earth". Crédito: Laboratório de Imagens Conceituais da NASA/Krystofer Kim.

A Terra não se limita à atmosfera que respiramos. Além da estratosfera e da termosfera, encontra-se uma região quase fantasmagórica formada por átomos de hidrogênio que escapam lentamente para o espaço. Essa camada é conhecida como exosfera ou 'geocorona', e constitui o halo invisível do nosso planeta, cuja existência foi confirmada há apenas algumas décadas.

Um halo invisível de hidrogênio se estende da Terra à Lua: entender sua dinâmica é fundamental para proteger satélites, comunicações e missões espaciais.

Este halo se estende por quase 400.000 quilômetros de distância, o que significa que até mesmo a Lua está sob sua tênue influência, conforme comentado em uma matéria no site Universe Today. Seu comportamento muda dependendo da atividade solar, aumentando ou diminuindo, o que pode afetar a propagação da radiação e a interação com satélites artificiais.

A NASA decidiu se aprofundar nesse enigma com o lançamento do Carruthers Geocorona Observatory, um satélite projetado para observar o comportamento do halo na luz ultravioleta. Suas observações nos ajudarão a entender como a atmosfera da Terra evolui e como ela interage com o vento solar, que é fundamental para prever fenômenos climáticos espaciais.

Uma fronteira dinâmica entre a Terra e o espaço

A exosfera não é estática. Sua densidade varia de acordo com a energia solar e pode reagir abruptamente durante tempestades solares. Quando partículas de alta energia impactam a geocorona, ocorrem perturbações que impactam a magnetosfera e geram correntes elétricas capazes de interferir em sistemas tecnológicos.

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Alguns estudos indicam que essas perturbações podem amplificar os efeitos das tempestades geomagnéticas, atuando como uma espécie de transmissor de energia entre o Sol e a Terra. Compreender esses mecanismos será essencial para antecipar danos às redes de comunicação, satélites e missões espaciais tripuladas.

A missão da NASA se concentrará em mapear essas mudanças globalmente, construindo modelos tridimensionais que permitirão a integração da exosfera aos sistemas de previsão do clima espacial. Isso representará um avanço na capacidade de prevenção de eventos extremos.

Chaves científicas e riscos tecnológicos

Além do seu impacto imediato na tecnologia, o halo invisível da Terra também levanta questões de longo alcance. Estudar o escape de hidrogênio para o espaço é vital para compreender a evolução das atmosferas planetárias e o equilíbrio hídrico em mundos como a Terra, Marte e exoplanetas distantes.

Lua Carruthers
A primeira imagem da atmosfera externa da Terra, a geocorona, obtida por um telescópio projetado e construído por George Carruthers. O telescópio obteve a imagem em 1972, enquanto estava na Lua durante a missão Apollo 16. Crédito: G. Carruthers (NRL) et al./Far-UV Camera/NASA/Apollo 16.

Os dados desta missão ajudarão a refinar teorias sobre a perda atmosférica e o papel do Sol nesse processo. Em um cenário de aumento da atividade solar, a capacidade de antecipar como a exosfera responderá torna-se um recurso estratégico para a exploração espacial.

Embora não seja um desastre natural no sentido clássico, esse fenômeno constitui uma ameaça silenciosa. O desconhecido pode nos deixar vulneráveis a falhas tecnológicas globais. Compreender e monitorar o halo invisível será tão importante quanto observar furacões, terremotos ou incêndios, pois ele também define nossa segurança e nosso futuro.